A avaliação do Governo Bolsonaro caiu para o menor nível desde a posse, segundo uma pesquisa da XP feita uma semana depois da renúncia de Sérgio Moro.

A aprovação ao governo caiu de 31% para 27% em relação à pesquisa anterior, de 22 de abril, enquanto a avaliação negativa saltou sete pontos percentuais para 49%.   

10518 be40975c d3fb 0009 000b b457af136a4cContrastando com a alegação do Presidente de que tem “o povo ao seu lado”, a pesquisa mostra que boa parte do aumento na percepção negativa 5 dos 7 pontos veio da população mais pobre, com renda até dois salários mínimos, e de pessoas que moram em cidades do interior.

Contratado pela XP, o IPESPE ouviu mais de mil pessoas nos dias 28, 29 e 30 de abril. A pesquisa ainda não reflete os acontecimentos deste final de semana, quando o Presidente disse que está “no limite” e “sem paciência”. 

O brasileiro olha o futuro com cada vez mais pessimismo. A expectativa negativa para o restante do mandato pulou de 38% para 46%, enquanto a positiva caiu de 35% para 30%. 

O IPESPE perguntou também quais serão os efeitos da saída de Moro para os anos restantes do governo. A grande maioria (67%) disse que os impactos serão “negativos” e que o novo ministro da Justiça “sofrerá interferências do Presidente” (69%). 

A avaliação da performance de Bolsonaro no combate à pandemia também deteriorou. 

Hoje, 54% dos brasileiros consideram sua atuação ‘ruim ou péssima’ e 22%, regular; na pesquisa anterior, os números eram 48% e 20%, respectivamente. Ao mesmo tempo, 53% dos entrevistados consideram a atuação dos governadores ‘ótima ou boa’. 

“A piora na aprovação é uma combinação de três fatores: a economia segue piorando; as pessoas estão ficando mais preocupadas com o vírus e achando a atuação do governo ruim; e a saída do Moro,” diz Victor Scalet, estrategista macro e analista político da XP.

“Olhando pra frente, a economia não vai melhorar no curto prazo. O que precisa ver é se os números do vírus vão estabilizar.”

A piora na percepção da população vem num momento em que o País flerta com uma crise institucional aguda, com o Poder Executivo invocando o nome das Forças Armadas e escalando seu confronto direto com o Judiciário. 

Mas, para Scalet, a crise institucional deve ter pouco impacto na percepção da população. “Precisa ver como será a narrativa e a repercussão disso, mas coisas muito técnicas em geral têm impacto limitado em pesquisas de percepção pública.”