Alex Dias está usando seus 10 anos de experiência em private equity na Victoria Capital Partners para criar a São Pedro Capital, uma gestora especializada em PIPE.
 
11001 4067b78b f5ef 8b6d f97d a769db88de03Nos EUA, esse tipo de estratégia — o ‘private investment in public equity’ — tipicamente permite a um investidor negociar aportes de capital diretamente com uma empresa, a um preço pré-estabelecido e frequentemente abaixo do valor de mercado.
 
No Brasil, não há gestoras puro-sangue dedicadas a PIPEs, mas quem mais chegou perto do modelo foi a Tarpon, com investimentos em empresas como Cremer e BRF.
 
A São Pedro vai focar em adquirir posições que embora minoritárias lhe darão influência efetiva na gestão. Alex diz que, na maioria dos casos, seu pipeline inclui a compra de participações secundárias em empresas familiares — geralmente situações em que a família deseja vender um pedaço da companhia por questões de sucessão ou diversificação de ativos e moedas. 
 
O filtro de tamanho: empresas com valor de mercado entre R$ 100 milhões e R$ 2,5 bilhões.
 
Ao longo do próximo ano, a São Pedro quer levantar dois ou três FIPs — cada um deles para investir em uma empresa — totalizando cerca de R$ 300 milhões.  O primeiro deles, de R$ 80 milhões, já está sendo captado, e uma possibilidade é investir em pré-IPOs.  (A São Pedro só abre o nome do alvo a potenciais investidores.) 
 
Mas quem tem cabeça pra falar de ‘longo prazo’ no meio de uma pandemia?
 
“Existe o medo da falta de visibilidade, mas ninguém também quer passar pela sensação de perda de oportunidade,” diz Alex.
 
Citando nomes como CVC e IMC (a holding dona do Frango Assado), ele diz que “é difícil acreditar que marcas poderosas não voltarão — em dois, três anos —ao que eram antes da crise, e ao mesmo tempo o investidor sabe que o contexto de juro baixo veio para ficar.”
 
A São Pedro também quer captar um FIA de R$ 300 milhões para comprar posições minoritárias relevantes em um portfólio que terá de cinco a dez small caps. O FIA está sendo montado agora e deve estar de pé em cerca de 90 dias, segundo Alex. A ideia é que seja um produto de varejo, disponível nas principais plataformas. 
 
Alex vai usar a caixa de ferramentas com que trabalhou na Victoria, onde originou e ficou encarregado de investimentos como a Elemidia, que acaba de ser vendida para o HIG; o Grupo Oncoclínicas, vendido para o braço de private equity da Goldman Sachs; e a Damásio Educacional, que oferece cursos para a OAB e concursos públicos e foi vendida para a DeVry, agora Adtalem, recentemente comprada pela Yduqs.
 
Depois de começar a carreira como consultor da McKinsey, Alex trabalhou na DirecTV/Sky como diretor no Brasil e CEO das operações na Argentina, Peru e Uruguai, foi presidente do Google no Brasil e também da Anhanguera Educacional, onde ajudou no crescimento do EAD e aquisições como a UNIBAN.  
 
Este background o faz preferir negócios que são potencializados pela tecnologia (“tech enabled”).

“Buscamos companhias que estão se beneficiando com mudanças tecnológicas e onde acreditamos que também podemos agregar valor”, diz ele. “Numa companhia em que estamos investindo, por exemplo, já estou ajudando na formulação de uma estratégia de corporate venture.”

O modelo de negócios não é um consenso. Para um gestor de family office, “em empresas de controle definido, na maior parte das vezes é difícil fazer uma mudança de cultura relevante. Fundos tradicionais de valor já fazem isso em portfólios diversificados. Já fundos concentrados num só ativo têm nível de risco alto e recompensa enorme para o gestor criando potencial desalinhamento.”