Uma empresa controlada pelos donos da AmBev está embarcando com discrição no setor de strip malls, centros comerciais ancorados por apenas uma grande loja, que oferecem conveniência ao consumidor e custos mais baixos para os lojistas do que os grandes shoppings.
A São Carlos Participações, controlada por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, está construindo centros comerciais chamados BestCenters. A empresa já tem seis unidades inauguradas, 20 sendo entregues ainda este ano, e mais 19 terrenos adquiridos. Todos as unidades ficam em São Paulo e no Rio.
A São Carlos é dona de um portfólio de imóveis comerciais alugados para grandes empresas. Há muitos anos, a empresa ganha dinheiro comprando prédios antigos por valores relativamente baixos, fazendo o retrofit (reforma e modernização), e depois alugando os andares por um valor maior do que poderia cobrar antes da obra.
Essa atividade já é bastante conhecida pelos investidores que acompanham as ações da São Carlos na Bolsa. A entrada nos strip malls, no entanto, ainda é novidade para muita gente. A São Carlos não fala muito do assunto em suas reuniões com investidores, não divulga números relativos aos BestCenters, nem orienta o mercado sobre o que esperar. Internamente, executivos da empresa se referem ao projeto como “um diamante que está sendo lapidado”.
Apesar de ainda serem tratados como um projeto embrionário, os BestCenters estão começando a ganhar corpo. O desenvolvimento dos mini-shoppings é comandado por Rubens Cardoso, um executivo respeitado no setor e veterano da São Carlos. Até o final de 2013, a São Carlos já tinha investido quase R$ 253 milhões nos BestCenters: foram R$5,5 mihões em 2011, R$142 milhões em 2012, e R$105,4 milhões em 2013.
Hoje, os BestCenters em funcionamento respondem por apenas 2% da receita da São Carlos, mas vão crescer muito ao longo deste ano.
“É até dificil fazer conta disso”, diz um gestor que acompanha a empresa. Mas supondo que cada BestCenter tenha em média 2.000 metros quadrados de área locável alugados a R$60 o metro quadrado, cada BestCenter pode gerar R$ 1,44 milhão de receita bruta por ano. Quando todos estiverem prontos, os 45 BestCenters adicionarão cerca de R$65 milhões ao faturamento da São Carlos, o equivalente a quase 20% da receita de aluguéis anual que a empresa tem hoje.
A São Carlos é a empresa mais discreta do portfólio de Lemann, Telles e Sicupira, que juntos controlam a Anheuser-Busch InBev, a Heinz, o Burger King, a AmBev e as Lojas Americanas.
Originalmente, os sócios da São Carlos achavam que os BestCenters poderiam facilitar a expansão das Lojas Americanas pelo interior do País. Mas as unidades já em funcionamento ou em construção mostram uma gama de parceiros muito diversificada: os BestCenters são ancorados por empresas como a rede Dia de supermercados, o Extra minimercado, Burger King, McDonald’s e Americanas Express. Outros parceiros incluem a Farma Ponte, o Subway, a Hering Store e a Raia Drogasil.
O foco dos BestCenters são cidades com bom nível de renda e num raio de até 500 quilômetros de São Paulo, preferencialmente nos eixos das rodovias Castelo Branco, Raposo Tavares, Anhanguera, Bandeirantes, Dutra, Ayrton Senna e Carvalho Pinto.