Itaú, Bradesco e Banco do Brasil estão negociando a um desconto expressivo em relação aos níveis pré-covid: uma média de 1,1x book value, em comparação a 1,8x no início de 2020. 

Detalhe: eles estão mais capitalizados, com um ROE maior e provisões mais robustas do que naquela época. 

Ainda assim, o Santander acha que o setor está perdendo a atratividade — e que é hora de abandonar o barco. 

Hoje de manhã, os analistas do banco rebaixaram a recomendação para o Itaú e Bradesco, de compra para neutro, com os preços alvos caindo para R$ 32 e R$ 23, respectivamente. 

O único que se salvou foi o Banco do Brasil, que “fechou seu gap de lucratividade em relação aos bancos privados,” o que deve levar a uma reprecificação da ação, disseram os analistas.

O preço-alvo do BB foi elevado para R$ 64, um upside potencial de mais de 50% em comparação ao preço de tela.

O Santander disse que o downgrade dos dois maiores bancos privados têm a ver principalmente com o aumento do CoE (o custo de equity) e a piora do ambiente macro, que pode levar a uma redução mais estrutural dos múltiplos do setor.

“Antes, acreditávamos que o desconto dos bancos para os níveis pré-covid era um motivo para comprar o setor, já que os valuations eventualmente convergiriam para os níveis históricos,” escreveu o analista Henrique Navarro. 

“Mas e se a pandemia tiver mudado drasticamente o cenário do setor e os múltiplos históricos não fizerem mais sentido? E se estivermos entrando num ‘novo normal’ em termos de price/book value — impulsionado não apenas pelo legado da covid mas por custos de capital crescentes, NPLs no pico, e incerteza política e macroeconômica?” 

O Santander também notou que se o Brasil entrar em recessão em 2023, os grandes bancos vão enfrentar dois impactos negativos em suas ações: um momentum técnico ruim para ações em geral; e o risco deles decidirem diminuir suas originações de crédito como precaução. 

“Esse não é o nosso cenário base, já que ainda esperamos que Itaú, Bradesco e Banco do Brasil entreguem 10% de crescimento no crédito em 2023,” escreveu o analista. “Mas há risco de downside.”