A Sallve — a marca digital de cosméticos fundada pela influenciadora Julia Petit — acaba de levantar R$ 110 milhões para financiar um plano agressivo de desenvolvimento de produtos e alimentar sua estratégia de marketing focada nas redes sociais.

A companhia não divulgou o valuation, mas um investidor disse que ficou ao redor de R$ 500 milhões (pre money).

10710 9294dee9 c744 a2ca 44eb b75bc822cea0A rodada Series B foi liderada pelo Atlantico, o fundo de VC de Julio Vasconcellos, o fundador do Peixe Urbano, e teve a participação de fundos como o Quartz, da família Galló; Red Swan, de Andy Dunn, o fundador da Bonobos e um dos pioneiros do conceito de digitally native vertical brands (DNVB); e da Endeavor Catalyst. 

Astella, Canary, Kaszek e Waldencast Ventures — que investiram na rodada seed e no Series A — acompanharam a captação. Antes desta rodada, a startup havia levantado um total de R$ 60 milhões.  

A Sallve — que começou em 2019 com apenas um produto (um hidratante antioxidante) — já construiu um portfólio de 12 dermocosméticos, incluindo um limpador, um esfoliante, um hidratante reparador e um anti-manchas. Todos são vendidos apenas no ecommerce da marca e divulgados pelas redes sociais. O Instagram da Sallve tem mais de 500 mil seguidores; o de Julia, 487 mil.  

Com a rodada, o plano é fechar este ano com mais de 20 produtos e acelerar os lançamentos a partir de 2022. 

“Normalmente, marcas como a Sallve tem entre 100 e 150 produtos. Ainda temos um caminho longo de desenvolvimento pela frente,” Daniel Wjuniski, o outro fundador e CEO, disse ao Brazil Journal.

O P&D é tocado por Julia e por Antônio Carlos Vanzo Junior, que antes era o vp de desenvolvimento da Coty e já teve passagens pela Hypera e Unilever. Hoje, ele lidera um time de pouco mais de 10 pessoas na startup. 

Os produtos da Sallve são desenvolvidos em parceria com os consumidores da marca. Antes de lançar um novo produto, a startup pede a centenas de milhares de pessoas para responder um questionário sobre suas necessidades em skincare. Depois, traz parte desses consumidores para ‘collabs’, de onde sai uma primeira versão do produto. 

Essa primeira versão é testada novamente com a comunidade para só então chegar ao site e ao feed do Instagram. 

Ainda que planeje continuar focando no ecommerce e na categoria de skincare no curto prazo, a Sallve já faz planos de entrar em outros canais e categorias. 

Até o final do ano, a marca vai lançar uma loja própria — na sede da empresa em Pinheiros — e estuda começar a vender também em farmácias. Outra ideia: operar com o modelo de ‘social selling’, no qual os próprios consumidores atuariam como vendedores da marca (numa espécie de venda direta virtual). 

A Sallve não abre seu faturamento, mas diz que cresceu 4x no ano passado e espera triplicar a receita este ano, já considerando os novos lançamentos. 

Apesar de ainda não ter rugas na cara, a Sallve já passou por uma grande crise. 

No final de 2019, alguns meses depois de lançar seu primeiro produto, a marca teve que fazer um ‘recall’ junto a mais de 15 mil consumidores: seu esfoliante enzimático apresentou problemas de fabricação que poderiam causar inflamações leves na pele. 

“As pessoas falam que as startups sempre passam por um momento formador importante,” diz Daniel. “Pra gente, esse episódio teve um pouco esse papel: foi um momento importante de formação da nossa cultura de resiliência e fez com que trouxéssemos um time muito experiente de profissionais.”