A Azzas 2154 anunciou hoje a saída de Rony Meisler e dos outros três fundadores da Reserva que lideravam a unidade de negócios de vestuário, a AR&Co, desde a aquisição da marca carioca pela Arezzo em agosto de 2020.
A saída de Rony já era especulada pelo mercado desde que ele vendeu mais de R$ 80 milhões em ações da companhia no início do ano passado, mas a saída dos quatro fundadores ao mesmo tempo é que foi uma surpresa.
A AR&Co é responsável pelas marcas Reserva, Reserva Mini, Oficina, Reserva Ink, Reserva Go, Reversa, Simples, Baw e Foxton.
Um investidor com trânsito junto à companhia disse que a cabeça do CEO Alexandre Birman é que as marcas da Azzas não dependam de uma única pessoa, “assim como as grandes marcas globais de luxo trocam seus diretores criativos a cada 10, 20 anos.”
A ação da Azzas opera em queda de quase 5% no início da tarde, em meio a um mercado em queda e quedas similares no varejo.
João Pedro Soares, que cobre a empresa no Citi, notou que a Azzas perde um time de experts em moda masculina e que o anúncio vem em meio ao processo de integração da Arezzo e do Grupo Soma.
A unidade de vestuário — tocada por Rony e seus sócios — fatura mais de R$ 1,6 bilhão e responde por cerca de 13% da receita da companhia. “De 2019 a 2024, o faturamento da Reserva multiplicou por 4x, em uma das mais bem-sucedidas aquisições de moda no Brasil,” escreveu o analista, que manteve seu ‘buy’ no papel com preço-alvo de R$ 72.
O Itaú BBA viu a notícia com um olhar menos negativo. Thiago Macruz disse que o mercado já antecipava a saída de Rony e que a segunda camada de executivos da Reserva vai continuar na companhia. “Acreditamos que a empresa tem as capacidades para continuar gerindo a marca sem grandes contratempos,” escreveu o analista.
A Azzas disse que o negócio de vestuário agora será liderado por Ruy Kameyama, que hoje é membro do conselho de administração da Azzas e antes já era conselheiro do Soma.
Ruy não tem o perfil criativo e de marketing de Rony, mas tem uma vasta experiência operacional no varejo: foi COO da BR Malls por nove anos e CEO por mais seis. Antes, foi diretor de novos negócios do Spoleto e trabalhou no investment banking do Dresdner Kleinwort Benson.
Rony e os outros três fundadores (Fernando Sigal, Jayme Nigri Moszkowicz e José Alberto da Silva) seguirão na Azzas até o final do ano, apoiando o processo de transição.
Os quatro terão um non-compete de dois anos para o setor de vestuário.
O lockup das ações de Rony continua ativo, mas vence no final deste ano. O overhang na ação, no entanto, deve ser limitado, já que ele hoje detém apenas 1,3 milhão de ações, o equivalente a 0,6% da Azzas.
A Azzas negocia a 11 vezes o lucro estimado para 2025 e vale R$ 10 bi na Bolsa.