Paulo José Marques Soares, que nos últimos cinco anos foi o diretor de operações das Lojas Renner, acaba de ser nomeado diretor-geral de operações da Restoque como parte de um plano para torná-lo CEO da empresa no curto prazo.
Soares fará um ‘período de transição’ com o atual CEO, Claudio Roberto Ely, que assumiu o cargo no fim de maio para fazer a integração da Restoque — dona das marcas Le Lis Blanc Deux, Bo.Bô, John John e Rosa Chá — com a Dudalina.
Ely, que é amigo do CEO da Renner, José Galló, teria ‘pedido a bênção’ do concorrente, amigo e conterrâneo (ambos são gaúchos) para contratar o executivo. De acordo com uma fonte familiarizada com as conversas, Galló flexibilizou o acordo de não-competição (‘non-compete‘) de Soares por entender que a Renner e a Restoque não competem pelo mesmo público-alvo, mas incluiu uma cláusula que impede que Soares trabalhe em concorrentes diretos (como Guararapes, Hering e C&A) se houver alguma fusão no setor nos próximos anos.
Soares — um engenheiro aeronáutico pelo ITA que começou sua carreira como trainee da Brahma e teve passagens pela Ultrapar, Booz Allen e Telefonica — saiu da Renner em 18 de agosto. Soares também teve uma breve passagem pela Imbra Implantes Odontológicos, uma empresa em que a GP Investimentos perdeu todo o capital investido.
A escolha de Soares para liderar a Restoque — cujas marcas dependem ainda mais do acerto das coleções do que a própria Renner, cujos produtos são mais comoditizados — sugere que ou há uma escassez de profissionais de moda com formação para administrar uma grande empresa, ou que as empresas ainda não estão dispostas a apostar na moda como a principal variável de seu sucesso.
“No Brasil, a moda sempre foi uma indústria muito informal, empresas de dono, que nunca se preocuparam em se profissionalizar, ao contrário do que acontece nos EUA,” diz uma fonte do setor.