UTILITIES – O Citi tem conversado com investidores locais sobre o setor de utilities, e a percepção geral cabe em uma palavra: decepção.
“Não que os investidores tivessem altas expectativas, mas as expectativas não eram para um fluxo de notícias duras com críticas às reformas e a privatizações que vão ajudar o futuro do País,” escreveu Antonio Junqueira, o chefe da área de research do Citi.
Ele nota que alguma ancoragem fiscal e uma redução dos ruídos poderiam ajudar nas expectativas. Por ora, “os investidores enxergam o mercado atual como um ‘mercado de trading’. Todos os eventos do ano reforçam essa visão.”
Além dos ataques do Presidente Lula à privatização da Eletrobras, um dos temas que tem preocupado os investidores são as renovações de concessões.
Junqueira diz que as renovações são, legalmente, uma ‘tabula rasa’ — ou seja, o regulador deveria começar do zero ao escrever as regras.
“As renovações anteriores não precisam ser repetidas e quase tudo pode ser proposto (e brainstormed), legalmente falando,” diz o relatório. “Todas as opções estão abertas.”
Mas a tabula rasa também atrai um risco. Junqueira lembra que renovações massivas de concessões já aconteceram em 1995 e em 2012, e que o capítulo de 2012 “ainda é lembrado como um evento ruim para a economia do País e para a atração de investimentos,” além de ter sido marcado politicamente como um grande erro.
“O governo brasileiro não nasceu ontem. … Ele já tem a experiência de grandes eventos. Ele deveria aprender com os erros.”
PORTO – O Bank of America elevou o papel de ‘neutro’ para ‘compra’, depois que os dados mais recentes sobre o mercado de carros usados e o quatro tri reportado semana passada “aumentaram nossa confiança de que o ciclo de automóveis virou.” Em outras palavras: o preço do seguro fez um catch up com o preço dos carros usados.
O BofA agora acha que a Porto vai lucrar R$ 1,9 bi este ano – 10% acima do consenso e R$ 2.1 bi em 2024.
Desde o low de R$ 17,60 em julho, a Porto já subiu 55% e hoje negocia a R$ 27,25. Em agosto, discutimos aqui a possibilidade de uma virada.
Mesmo depois disso, o papel ainda negocia a 9,2x o lucro deste ano, um múltiplo 15% abaixo da média de 10 anos.
O Bofa aumentou o preço-alvo de R$ 25 para R$ 31.
ONCOCLÍNICAS – A Goldman reiterou sua recomendação de ‘compra’ para a Oncoclínicas – seu nome favorito no setor de saúde na América Latina, com upside de 77% contra os 37% para a média do setor – e aumentou o preço-alvo de R$ 12 para R$ 13.
A Oncoclínicas reporta seu quarto tri em 28 de março. A Goldman espera “uma continuação das tendências de crescimento orgânico saudável, tanto em termos de volumes quanto de tickets, vinculados à melhoria sequencial da lucratividade (principalmente em mais ganhos G&A) para abrir caminho para uma maior valorização da ação”.
O papel negocia a um P/L de 13,5x para 2023 e 9,4x para 2024 (ou 11,5x e 8,1x, quando se ajusta o valor presente líquido da amortização do ágio).
Desde o início do ano, a Oncoclínicas bate o Ibovespa de longe, com alta de 22% contra uma queda de 2% no benchmark.