A ação da Rede D’Or chegou a cair 8% hoje depois do Goldman Sachs dar um downgrade na companhia, citando um momento mais desafiador para os lucros no curto prazo.
O banco cortou a recomendação de ‘compra’ para ‘neutro’ e reduziu o preço-alvo para a ação de R$ 41 para R$ 31. O papel negocia ao redor de R$ 21,8 no final da manhã, com queda de 7% e a companhia dos Moll valendo perto de R$ 50 bilhões na Bolsa.
O analista Gustavo Miele disse que suas principais preocupações em relação à tese de investimento são a geração de caixa limitada neste ano, que deve atrasar o processo de desalavancagem da Rede D’Or; e a dinâmica desafiadora para os lucros do negócio de hospitais, com as pressões inflacionárias e o baixo pricing power da empresa (já que as operadoras estão com alta sinistralidade).
Além disso, a Goldman ressalta as perspectivas negativas para a sinistralidade da SulAmérica, apesar do ritmo acelerado com que a companhia vem implementando seus reajustes.
Gustavo estima que a alavancagem da Rede D’Or, considerando os números da SulAmérica, está em cerca de 3,7x o EBITDA estimado para este ano.
Ao mesmo tempo, a companhia deve ter uma geração de caixa tímida este ano, nas estimativas do banco, com as despesas financeiras e o capex consumindo basicamente metade do EBITDA esperado para o ano. O capital de giro e gastos com itens como aluguel devem consumir mais uma parcela relevante do EBITDA, com a companhia conversando apenas 5% do EBITDA em free cash flow.
Nesse cenário, a única saída que o banco enxerga para reduzir a alavancagem seria a Rede D’Or revisar seu guidance de expansão para este ano, adiando projetos greenfield e brownfield.
Isso, no entanto, prejudicaria o crescimento de EBITDA projetado para os próximos anos.
Para Gustavo, o maior upside risk para a tese seriam as sinergias da aquisição da SulAmérica virem maiores que o esperado.
“Ainda que não tenhamos incorporado isso ao nosso cenário base, estimamos que as sinergias da transação podem chegar a R$ 5,5 bilhões (ou 10% do market cap da companhia), se considerarmos economias de custos e despesas operacionais, o benefício fiscal da amortização de goodwill e sinergias de receita.”
Em termos de valuation, a Goldman vê a Rede D’Or negociando a 18x seu lucro estimado para este ano — abaixo dos últimos anos mas acima de alguns peers do setor de saúde.
“Ainda que a gente reconheça que a execução acima da média da Rede D’Or e suas perspectivas atrativas de consolidação fazem ela merecer um prêmio em relação ao resto do setor, acreditamos que nomes como Hypera e Oncoclínicas apresentam um risco-retorno melhor.”