A Randon acaba de reportar crescimento de receita e um lucro praticamente estável no primeiro trimestre, uma evidência de que a diversificação cada vez maior da gigante industrial de Caxias do Sul está dando resiliência ao negócio em meio a um ambiente macro mais difícil.
A receita líquida da fabricante de carretas, freios e suspensões cresceu 29,5% na comparação anual para R$ 2,5 bilhões, e o lucro ficou em R$ 130 milhões, uma queda de 3%.
O EBITDA consolidado da companhia subiu 15% para R$ 401 milhões e a margem EBITDA ficou em 16,2% – o topo do guidance que a empresa havia dado pela primeira vez em fevereiro, quando disse esperar uma faixa de 13%-16% este ano.
A margem EBITDA do primeiro tri ficou 2 pontos abaixo da reportada no 1T21. O CFO Paulo Prignolato disse que no primeiro trimestre do ano passado, a dinâmica de mercado era mais pujante: os juros estavam menores, as eleições presidenciais estavam mais distantes e não havia a guerra na Ucrânia.
“Todos esses fatores, agora, contribuem para um grau de incerteza maior. Ano passado, a empresa conseguiu repassar preços integralmente, agora o repasse está mais complexo em alguns segmentos,” ele disse.
Em janeiro, a omicron afastou do trabalho uma parcela relevante dos colaboradores da Randon.
A empresa conseguiu entregar resultados fortes graças a seu modelo diversificado de negócios e também de clientes.
Cerca de 20% da receita da Randon vêm da venda de peças de reposição, um negócio muito resiliente e no qual a empresa não tem dificuldade de repassar preços. Outros 20% vêm de receitas internacionais, via exportações ou produção lá fora. A Randon tem 29 parques industriais e 8 deles estão no exterior, em países como Argentina, EUA, Índia, China e México.
Assim, quando a economia doméstica está fraca e cai a venda de caminhões, a venda de peças para a manutenção sobe. Da mesma forma, quando o real se desvaloriza, melhoram as margens de exportação.
Os 60% restantes da receita estão no mercado doméstico – mas mais da metade disso está relacionada ao agronegócio, onde não tem tempo ruim.
A Randon está na cadeia de escoamento e logística do agronegócio. A empresa produz carretas e semi reboques utilizados no transporte de grãos e proteína animal, atendendo clientes como a JSL, G10 e Tombini; além de fornecer autopeças como freios, suspensões e eixos para os fabricantes de cavalos mecânicos como a Scania, Mercedes e Volvo.
Esses clientes “só não estão comprando mais porque não acham motoristas para esses veículos,” o CEO Sérgio Carvalho disse ao Brazil Journal.
A inflação de matérias-primas é uma preocupação, mas não está mais tão alta quanto em 2021. “Temos a expectativa de que durante o ano, ela seja cada vez menor,” disse Sergio, que assumiu como CEO em janeiro depois de quatro anos na empresa, dois deles como COO.
Naquele momento, a empresa separou os cargos de presidente e CEO. Daniel Randon, que acumulava os dois postos desde 2019, passou a ser o presidente, com uma função mais institucional. Ex-CFO da empresa, Daniel substituiu o irmão David, que passou a ser o chairman da companhia.
Nos últimos 5 anos, desde que a empresa reorganizou seu organograma, a receita cresceu mais de 3,5 vezes. A Randon disse que pretende manter esse crescimento acelerado, cada vez mais com foco em internacionalizar o negócio.
“Investimos bastante em empresas associadas à reposição nos últimos anos e agora vamos enfatizar mais a internacionalização da receita”, disse o CEO. O crescimento na área internacional deve vir de forma orgânica e também de novas aquisições em diferentes países.