A RD — que lidera o varejo farmacêutico com as marcas Raia e Drogasil — vai lançar marketplaces de produtos e serviços de saúde, além de equipar boa parte de suas 2.200 lojas para oferecer serviços como vacinação, exames clínicos e telemedicina.
 
As iniciativas, que visam destravar o potencial digital das marcas, são parte de um plano estratégico para os próximos cinco anos que a companhia está anunciando hoje em seu evento anual com investidores.
 
A RD já tem uma base digital relevante, e, como muitas companhias, viu seu ecommerce multiplicar por 7 durante a pandemia.
 
Dos 40 milhões de clientes que compram em suas farmácias todo ano, 4 milhões já são usuários frequentes do site e dos apps da companhia, responsáveis por 25 milhões de acessos por mês.
 
“Nós somos o dono natural de uma plataforma B2C de saúde, porque temos uma capilaridade que ninguém tem,” disse o vp Eugênio de Zagottis. “O cliente vai ao hospital poucas vezes por ano, vai ao laboratório um pouco mais, mas na farmácia ele vai pelo menos uma vez por mês.  O custo de aquisição de clientes é proibitivo para muita gente, mas nós já temos o cliente.”
 
Agora, ao criar um marketplace de saúde, a companhia vai aumentar os SKUs que vende no site dos atuais 12 mil para até 100 mil, criando lojas virtuais para marcas que já vendem em suas lojas físicas e estimulando o cliente a recolher o produto na loja.
 
Os sellers vão começar cuidando das entregas mas, num segundo momento, a RD pretende desenvolver logística de última milha para estas vendas de produtos de terceiros — alavancando seus 11 CDs espalhados pelo Brasil e a capilaridade de suas lojas.
 
O push digital deve ser ajudado pelo Stix, o programa de fidelidade em parceria com o Grupo Pão de Açúcar, que deve estrear até o fim de 2020, um ano depois de ser anunciado.
 
Além do marketplace de produtos, que entra no ar em outubro, a RD vai lançar no primeiro tri de 2021 um marketplace de serviços de saúde, conectando profissionais como nutricionistas, preparadores físicos, psicólogos e permitindo consultas de telemedicina em que o paciente, sentado numa sala dentro da farmácia, seja avaliado remotamente por um médico mas com a assistência presencial de outro profissional de saúde.  
 
A companhia ainda não sabe quantas lojas comportarão esta nova oferta de serviços, que dependerá do espaço físico.
 
Numa conversa com o Brazil Journal, o CEO Marcílio Pousada disse que o potencial do negócio core da empresa — as farmácias físicas — está longe de esfar esgotado.  A RD anunciou ontem à noite que vai manter o ritmo de abertura de lojas dos últimos anos, inaugurando 240 novas lojas por ano em 2021 e 2022. 
 
A companhia, que tem 14% de market share no varejo farmacêutico, disse que em julho seu faturamento cresceu 19% ano contra ano, e que as vendas em suas lojas maduras cresceram mais de 5% — acima da inflação.  Ambos os números excluem as lojas de shopping, que ficaram fechadas boa parte do primeiro semestre.  
 
“O nosso crescimento de vendas, o nosso delta, tem vindo do digital, com o cliente comprando no site e pegando o produto na farmácia ou recebendo em casa,” disse Marcílio. Cada venda digital é atribuída a uma das farmácias da rede.