A alta da taxa de juros nos Estados Unidos está acertando em cheio o mercado imobiliário — e o golpe mais duro está recaindo sobre os imóveis de luxo.
As vendas de imóveis cujo valor está entre os 5% mais altos do mercado desabaram nos três meses encerrados em 31 de janeiro, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os dados são da imobiliária Redfin e mostram uma queda de mais de 45% nesse período, a maior retração da última década para este perfil de imóvel.
As vendas de imóveis que não são de luxo também sofreram, mas em escala um pouco menor: queda de 38%.
A CNBC nota que os compradores de casas de luxo normalmente não tomam hipotecas para fazer as compras, o que em tese não os tornaria tão suscetíveis à alta dos juros.
Ainda assim, “eles são afetados pelo contexto macroeconômico e, mais especificamente, pelo mercado de ações,” diz o site. “A volatilidade dos mercados está tendo um efeito descomunal no mercado de imóveis de luxo.”
Nesse mercado de baixa, uma das cidades que mais sofreu foi Miami, que viu uma queda de 69% nas vendas de imóveis de luxo. A retração vem depois da cidade ter visto um fluxo massivo de compradores ricos no início da pandemia, vindos principalmente da Califórnia.
O segundo mercado que mais sofreu foi a região de Long Island na costa de Nova York, onde ficam os Hamptons. A região, famosa por suas mansões à beira-mar, viu as vendas de imóveis de luxo mergulharem 63% no período.
Na terceira posição ficou Riverside, em Los Angeles, onde as transações caíram 60% ano contra ano.
De certa forma, as quedas são uma normalização desses mercados, segundo a Redfin. As três regiões tiveram altas expressivas nas vendas e nos preços dos imóveis nos últimos anos — e agora estão passando por uma correção.
“Os compradores high-end estão dando um passo para trás porque estes mercados já estavam entre os menos acessíveis do país, e a alta dos juros adicionou combustível no fogo,” diz o relatório da Redfin. “As compras de luxo também estão caindo de patamares insustentáveis.”
A queda nas transações não veio acompanhada — ainda — de uma queda nos preços, em grande parte porque há poucos imóveis deste perfil à venda.
Em outras palavras: o comprador sumiu, mas o vendedor não se desesperou (ainda).
O economista da Redfin, Chen Zhao, disse que o lado positivo para os compradores de casas de luxo é que a “competição está fraca, e as ‘hipotecas jumbo’ — aquelas que financiam o segmento de luxo — estão com juros menores que os outras, em parte porque há um risco menor de default.”