Pedro Tourinho — o empresário que agencia a carreira de artistas como Anitta, Regina Casé e Gabriela Pugliesi — está investindo na Orelo, uma plataforma que começou como um streaming de podcasts e agora quer entrar em outros formatos de conteúdo.
O investimento de Tourinho faz parte de uma rodada de seed money de R$ 4,5 milhões que deu entrada a outros três investidores, incluindo o Oikos, um multifamily office, e a Java Participações, da família Grisi, ex-acionista do Banco BCN.
Além de sócio, Tourinho assumirá um papel executivo como o publisher da Orelo, responsável por selecionar e atrair novos criadores de conteúdo e posicioná-los dentro da plataforma.
“O Tourinho já ajudou muito artista grande a ganhar dinheiro, e agora vai ajudar qualquer artista a monetizar sua audiência,” Luiz Felipe Marques, o fundador da Orelo, disse ao Brazil Journal.
Por meio de sua agência MAP Brasil, Tourinho cuida da carreira de mais de 40 artistas. Foi ele que arquitetou a parceria entre Anitta e o Nubank, um dos negócios de media for equity mais comentados dos últimos anos.
Fundada no ano passado, a Orelo nasceu como uma plataforma de streaming para podcasts, um nicho extremamente competitivo e dominado por empresas como Spotify e Deezer.
Mas a startup buscou a diferenciação. Ela oferece um pacote de serviços para os criadores de conteúdo — desde a gestão dos apoiadores e dos pagamentos até a hospedagem dos podcasts e distribuição — e tem um modelo de remuneração que ajuda essas pessoas a ganharem dinheiro (o principal calcanhar de Aquiles de nove em cada dez podcasters no Brasil).
“Todo mundo que cria conteúdo tem dificuldade de monetizar, seja pela forma como as redes sociais trabalham, seja pela necessidade de uma audiência e de investimentos grandes,” disse Luiz. “Mas no podcast isso é 10x mais difícil. Via de regra, os podcasters não ganham dinheiro no Brasil, diferente de música e vídeo.”
A Orelo remunera os criadores de duas formas: paga 5 centavos cada vez que o ouvinte dá ‘play’ (40x o que o Youtube paga em média), e permite a criação de modelos de assinatura. Essencialmente, os seguidores daquele artista pagam uma mensalidade para acessar todo ou uma parte do conteúdo.
Com essa oferta, a Orelo atraiu cerca de 500 criadores — incluindo nomes como Fiuk e Bianca Comparato (a atriz da série 3%, da Netflix) — e chegou a mais de 300 mil downloads de seu app.
Agora, a startup quer ir além do áudio, lançando formatos como newsletters, vídeos e textos, e replicando no Brasil o que a Patreon fez no Vale do Silício.
A startup americana — o principal benchmark da Orelo — conecta mais de 200 mil criadores de conteúdo (de todos os tipos e formatos) com sete milhões de fãs, ganhando uma comissão de 5% a 12% em cima das assinaturas mensais.
Em abril, a Patreon foi avaliada em US$ 4 bilhões numa rodada liderada pela Tiger.
“Nossa ideia é ir por esse caminho, oferecendo o formato que o criador quiser e fazendo toda a parte operacional para deixar ele focar apenas no criativo,” disse o fundador.
A oportunidade é gigantesca. Existem mais de 1 milhão de criadores de conteúdo já consolidados no Brasil (com mais de 5 mil fãs), segundo a consultoria SamyRoad, e a estimativa é que esse mercado atinja US$ 2 bilhões em faturamento nos próximos anos.
O maior desafio? Convencer esse exército de criadores a migrar para a Orelo.
Tourinho já começou a acionar seus contatos: a apresentadora Astrid Fontenelle vai estrear um podcast chamado “Mulheres Admiráveis”, que vai contar histórias femininas marcantes da cultura brasileira.
“Mas a Orelo não é pra todo mundo,” Tourinho disse ao Brazil Journal. “Tem gente que tem milhões de seguidores nas redes sociais, mas não é capaz de criar conteúdos que as pessoas estão dispostas a pagar para ver.”
“As pessoas se acostumaram a ter de graça o conteúdo dos influenciadores, por exemplo, e isso dificilmente vai mudar. Você sobe uma foto de comida e aquilo vai bombar de like, mas só quem vai ganhar dinheiro é a plataforma.”