O brasileiro Alan Buch — executivo de um multi-family office em Nova York — e o israelense David Citron — um investidor de venture capital baseado em Tel Aviv — são velhos conhecidos do mundo do private equity, mas se reencontraram em circunstâncias únicas, a poucos quilômetros de Gaza, em dezembro de 2023.
Enquanto Buch entregava suprimentos para soldados israelenses, Citron servia como reservista na região.
Um reencontro tão improvável fez com que a dupla mantivesse contato e decidisse criar um fundo que apoiasse a cena de inovação israelense, de Tel Aviv a Nova York.
Assim nasceu o tbd (to be determined, como uma empresa em estágio inicial), um fundo de US$ 35 milhões para investir em startups em early stages e conectar seus fundadores ao mercado americano.
O fundo acaba de concluir seu first closing e planeja investir em 20 empresas com aportes de US$ 1 milhão em troca de 10% a 15% de participação nos negócios. O restante do capital será mantido como reserva para follow-ons.
Setorialmente, o foco em tecnologia acaba por ser natural em Israel, e o tbd vai focar em AI empresarial, infraestrutura de nuvem e cybersegurança.
O fundo conta com o apoio de investidores institucionais de Israel e dos EUA, family offices e empreendedores israelenses do setor de tech.
A expectativa de um desfecho para a guerra faz Buch e Citron acreditarem que a energia dos empreendedores israelenses voltará a ser canalizada para a inovação, e que haverá uma nova onda de grandes ideias e empresas no país — a despeito de uma cada vez mais provável desaceleração do mercado americano.
Um exemplo dessa pujança é a recém-anunciada venda da startup de segurança cibernética Wiz para o Google por US$ 32 bilhões.
Mas o foco da tbd é outro.
“Os fundos em Israel tendem a negligenciar os estágios pre-seed, deixando uma lacuna que queremos preencher. Nossa proposta é apostar nos founders certos desde o início e facilitar a sua entrada no mercado americano,” Buch disse ao Brazil Journal.
“Eu tenho o network nos EUA, e o David tem a experiência local.”
Com mais de uma década investindo em startups em Israel e conexões no Exército, Citron sabe em primeira mão quais unidades de inteligência das forças israelenses produzem os melhores prospectos e quais founders estão começando uma nova empreitada.
No processo de lançamento do fundo a dupla conversou, por exemplo, com empreendedores que acabaram de ser dispensados de suas funções no Exército de Israel ou que estão iniciando sua segunda empresa após vender a primeira.
Os selecionados pela tbd terão acesso a um partner program com mais de 45 profissionais de empresas como Netflix e American Express. Esses conselheiros funcionarão como um sounding board para as startups e ajudarão os founders a errar menos.
“Para a tbd, o caminho ideal é investir em pre-seed e vender próximo a um valuation de US$ 500 milhões, que é o valor de saída mais comum para empresas israelenses. Se a gente compra 10% de equity no início, cada empresa pode ser uma fund returner,” disse Buch.