A QSaúde — a operadora fundada pelo ex-controlador da Qualicorp, José Seripieri Filho, o “Júnior” — contratou Vanessa Gordilho, uma executiva com mais de 20 anos de experiência em meios de pagamento, para comandar o dia-a-dia da operação.
Ao mesmo tempo, a operadora acaba de entrar no mercado corporativo, onde as empresas estão buscando eficiência na sua relação com as operadoras em meio à avalanche de reajustes.
Vanessa — que até abril era a vp comercial e de vendas da Getnet, e já passou pela Mastercard e Gemalto — será a diretora-geral da startup, reportando diretamente a Júnior, que é o CEO.
Ela vai trazer sua experiência em “dados, analytics e scoring” para acelerar a captação de clientes da nova operadora — que começou a operar em stealth mode no final do ano passado e por enquanto tem só 4 mil vidas.
A operadora acaba de lançar um plano corporativo para empresas com mais de 100 vidas e, em setembro, vai entrar também nas PMEs.
“Quem sofre os grandes reajustes e toma as maiores pauladas são as empresas. Tem reajuste de 50-60%, e alguns chegam a 100%,” Júnior disse ao Brazil Journal. “É por isso que estamos entrando no empresarial. As margens são menores, mas você tem volume e uma escalabilidade maior.”
Até agora, a QSaúde operava apenas com planos individuais, com preços que começam em pouco mais de R$ 200 e chegam até R$ 1,6 mil, dependendo da idade. A oferta é segmentada em quatro planos, com ofertas distintas de hospitais e clínicas. O mais barato dá acesso ao Oswaldo Cruz; o mais caro inclui o Albert Einstein e o HCor. A empresa diz que seu preço inicial é 25% menor que o das redes verticalizadas, além de oferecer 10x mais laboratórios e 3x mais clínicas.
A QSaúde está tentando se diferenciar dos incumbentes com um preço competitivo, uma rede credenciada de qualidade e acesso a um time de médicos de família do Einstein — além de um contato mais ativo com o consumidor, dentro do conceito de medicina preventiva.
“Uma vez que o cliente entra, a gente cuida da saúde dele durante toda a vida: damos recomendações de que ele precisa ser vacinado, fazer um recall, e de como se cuidar melhor,” diz Vanessa. “As operadoras tradicionais falam que fazem isso, mas nunca vi alguém receber um alerta falando pra se vacinar…”
Boa parte desta medicina preventiva tem a ver com os médicos de família — o ‘general practitioner’ do modelo inglês — que passam a acompanhar a saúde do paciente desde seu primeiro dia na operadora.
A prática deve ajudar a reduzir os sinistros, já que — pelo menos em tese — o paciente irá menos ao hospital porque terá o médico para tirar dúvidas.
“Em vez de vender rede e reembolso, a gente vende atendimento à saúde,” disse Júnior. “No modelo atual, o bom atendimento você credita ao hospital, médico, mas nunca à operadora, porque a relação desse médico com a operadora é nula.”