Os tempos mudaram e o mercado está mais… relaxado.
 
A Cowen and Company — uma corretora de Nova York — agora emprega o primeiro analista em Wall Street que cobre as indústrias de “bebidas, fumo e maconha”, e prepara sua primeira conferência para ajudar os investidores a entrar na onda, quer dizer, no setor.
 
A corretora vai reunir 12 empresas — pelo menos oito das quais fabricam, distribuem ou têm seu negócio baseado na maconha recreativa ou medicinal — num evento com investidores em janeiro.
 
O bagulho é interessante.
 
Entre as empresas privadas estão a Headset, uma consultoria de inteligência no mercado de maconha que trabalha com varejistas do ramo, e a Coda Signature, uma fabricante de chocolates com sabor (e traços) da erva. (A fundadora da Coda era a ‘chocolatier’ do carésimo restaurante Per Se, de Nova York.)
 
Há ainda a Mary’s Medicinals, que criou patches de maconha para a pele e está focada em ‘transformar a maneira como as pessoas vêem e utilizam a maconha, desenvolvendo produtos que isolam os benefícios da cannabis e outros extratos vitais’ para uso medicional.
 
Entre as empresas de capital aberto está a Kush Bottles, que produz e vende soluções de embalagens para a indústria de maconha. A empresa — cujo papel negocia no mercado de balcão —  já tem mais de 1.000 clientes, entre produtores, processadores e varejistas. A Canopy Growth Corporation (antigamente conhecida como Tweed Marijuana Inc.) produz e vende maconha no mercado canadense, tanto para uso médico quanto recreativo. Suas principais marcas são Tweed e Bedrocan. E há, claro, o banco canadense que faz investimentos de private equity nas empresas de maconha medicinal: o PharmaCan Capital Corp., que vale US$ 200 milhões na Toronto Venture Exchange.
 
A Cowen recentemente mobilizou 10 de seus analistas para produzir um relatório sobre a maconha recreativa, um mercado que pode chegar a US$50 bilhões nos próximos 10 anos — a estimativa tem como premissa a legalização da droga em todo o país. O faturamento da indústria ‘legal’ de maconha hoje é de US$6 bilhões/ano.
 
Quem já empreendeu na indústria está sentindo o maior barato: a legalização caminha a passos largos.

Em novembro, os Estados da California, Maine, Massachussets e Nevada aprovaram o uso recreativo da maconha por adultos (aqueles acima de 21 anos).  Só a Califórnia espera arrecadar mais US$1 bilhão em impostos por ano com a legalização. Com isso, os Estados que já legalizaram o consumo recreativo — com regulação e taxação específicas — chegam a oito. Os outros na lista são: Alaska, Colorado, Oregon, Washington, e o Distrito de Columbia (a capital americana).  
 
A Califórnia havia sido o primeiro Estado a legalizar o uso medicinal da maconha, em 1996.  Hoje, 28 Estados americanos permitem o uso medicional, e 60% da população americana apoiam a legalização do uso recreativo, um nível recorde: a aprovação era de 58% no ano passado e 50% em 2011.
 
O Marijuana Policy Project, uma organização que luta pela legalização, comemorou as vitórias eleitorais deste ano, e disse que é hora de mudar a lei federal que ainda considera a maconha um narcótico ilícito.
 
“Esses eleitores estão dando um recado claro às autoridades federais de que é hora de parar de prender e encarcerar usuários de maconha,” disse o diretor executivo Rob Kampia no site da organização. “O Congresso deve tomar medidas para aliviar a tensão entre as leis estaduais e federais. … O fim da proibição está próximo, e seria um erro para o governo federal continuar lutando contra seus próprios cidadãos não-violentos. Como você pede a um agente da DEA para ser o último homem a impor obediência a um erro?”