A privatização da Copasa avançou e está agora a um passo de ser aprovada.
Ontem à noite, o projeto passou pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais – última etapa antes da votação definitiva em plenário, prevista para acontecer na próxima terça.
O projeto prevê que a privatização poderá ocorrer por meio de leilão ou via oferta de ações.
O modelo tido como o mais provável por quem acompanha o processo é o de uma venda nos moldes da Sabesp, com uma oferta de ações e o estabelecimento de um acionista de referência.
Nesse modelo, é um ativo que interessa a empresas como Aegea, BRK, Equatorial e Sabesp e à gestora Perfin, que recentemente chegou a uma participação de 14% no capital da Copasa.
O governo de Minas Gerais venderia cerca de 45% do capital da empresa, de uma participação total de 50,03%, para não disparar o tag along (o que ocorreria numa venda superior a 50%), segundo uma dessas fontes.
Em entrevista nesta semana, o governador Romeu Zema disse que o estado pretende arrecadar “de R$ 10 bilhões para mais” com a venda. A Copasa vale pouco mais de R$ 16 bilhões na Bolsa.
Mas esse preço embute mudanças regulatórias positivas que ainda não aconteceram, segundo um executivo próximo ao processo. “A ação andou muito e a regulação ainda não veio,” disse ele. No ano, a alta é de 110%.
Uma dessas mudanças é a extensão das concessões nas principais cidades do estado.
Na semana passada, a Copasa fechou com a prefeitura de Belo Horizonte um acordo em que manifesta a intenção de continuar prestando serviços de saneamento para a cidade até 2073 (o prazo anterior era 2032). A assinatura deve ocorrer até 20 de dezembro.
A concessão de BH é a mais importante da companhia: segundo o Citi, responde por cerca de 30% das receitas.
Na avaliação dos analistas do banco, o acordo aumenta a chance de a Copasa fechar negociações semelhantes com outras cidades – mas isso ainda está em aberto.
Além disso, falta definir se os investimentos feitos pela empresa para atingir as metas de universalização serão reconhecidos anualmente ou apenas no final do ciclo previsto no marco do saneamento, em 2033.
Em São Paulo, a agência reguladora definiu o padrão anual, o que reduz o risco do investidor.
“Nada do que falta em termos de regulação é deal breaker, mas são pontos que vão influenciar o preço da companhia,” diz outro executivo que acompanha o processo.
“A Arsan (agência reguladora de MG) está buscando replicar o modelo de São Paulo em diversos pontos, o que é positivo,” afirmou um analista que cobre a ação.
Outro ponto positivo, na visão desse analista, é o fato de o WACC, que remunera a base de ativos, já estar definido até 2033.
O Itaú BBA estima que a ação de uma Copasa privatizada vale R$ 51,6 – uma alta de 20% em relação ao preço de hoje.
A projeção considera uma redução de 31% no opex, uma queda de 100 bps no custo real de equity e alguma melhora nas despesas de inadimplência.
O Citi tem um cenário-base mais conservador, em que prevê um preço-justo de R$ 45 para o papel caso a empresa seja privatizada, muito próximo da cotação atual, de cerca de R$ 43.
Segundo o banco, esse preço-alvo implica um múltiplo de 1,32x EV/RAB para 2026, superior ao da Sabesp, que está em torno de 1x.
No bull case do Citi – caso a empresa consiga ampliar investimentos para reduzir o gap entre os principais concorrentes, reduzir custos num patamar superior a 30% nos próximos anos e capturar ganhos tributários –, o papel poderia chegar a R$ 63.











