A Privalia — o maior outlet online do Brasil — acaba de lançar seu IPO, ajustando tamanho e valuation a um ambiente menos quente para nomes de tech.

Inicialmente, a companhia testou o mercado com um valuation de R$ 3 bi (post money) e uma primária de R$ 600 milhões. Mais tarde, sondou o mercado com um valuation 10% abaixo.

Agora, a Privalia está fazendo uma oferta que o mercado — assim como muitos de seus clientes — talvez não possa recusar: uma faixa indicativa de preço entre R$ 16,30 a R$ 18,10 por ação, avaliando a companhia entre R$ 1,8 bi e R$ 2 bi (post money).

Nas contas de um investidor, no meio da faixa a Privalia sairá a um desconto de 48% em relação à média de nomes como Amazon, Mercado Livre, B2W e Magalu, em termos de EV/sales para 2021.

A oferta é composta por uma tranche primária de cerca de R$ 400 milhões e uma secundária do mesmo tamanho. Os recursos serão usados para investir em marketing, capital de giro e tecnologia.

O pricing será dia 19.

O grupo francês Veepee, que controla a Privalia desde 2016 e tem 98,3% da operação brasileira, será diluído para algo entre 60% e 40% do capital, dependendo do preço final e do greenshoe e hot issue serem exercidos.

Os coordenadores são BTG Pactual, Itaú BBA, JP Morgan e Credit Suisse.

Desde sua última tentativa de vir a mercado, a Privalia acelerou investimento em marketing, conforme havia dito a investidores, antecipou sua entrada na categoria de viagens — ofertando pacotes de hotéis e resorts numa parceria com a Zarpo — e celebrou uma parceria estratégica com o BTG Pactual.

O banco, que lidera o sindicato de coordenadores, ficará com 5% do capital da Privalia depois da oferta, e assinou um contrato de exclusividade de 5 anos, renovável por mais 5, para o desenvolvimento conjunto de produtos financeiros na plataforma BTG+ e na própria Privalia.

Os produtos devem incluir financiamento para fornecedores da Privalia e vantagens e benefícios para as duas bases de clientes, incluindo um cartão de crédito co-branded e produtos de financiamento e crédito no checkout.

Hoje, 100% da venda da Privalia é no cartão, e o máximo que a empresa faz é parcelar em 10 vezes. Na medida em que a empresa entra em tíquetes mais caros — sofás de R$ 30 mil, viagens de R$ 10 mil — o cliente poderá financiar em mais vezes, e a companhia vai compartilhar o spread nessas transações com o BTG.

No primeiro trimestre, o GMV da Privalia cresceu 21%. A empresa não tem dívida. A receita bruta foi de R$ 1,1 bi no ano passado, e a margem EBITDA de 6,3%.