A Prisma Capital — a gestora de special situations fundada por Marcelo Hallack, João Mendes e Lucas Canhoto — acaba de concluir a captação de seu segundo fundo, fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal. 

O Prisma Capital Solutions II levantou US$ 650 milhões, 45% mais que o primeiro veículo da Prisma, captado há dois anos.

Num momento em que o investidor internacional se mantém distante da Bolsa e da moeda brasileira, a Prisma mostrou que um track record sólido em investimentos alternativos ainda é capaz de atrair capital: a captação levou cinco semanas e teve uma demanda 30% maior que a oferta, disseram as fontes.

Investidores internacionais aportaram 56% do total, enquanto a parte local veio basicamente de single e multifamily offices.

Com a captação do novo fundo, a Prisma passa a ter R$ 12,6 bilhões sob gestão.

O mandato do novo fundo é basicamente um cheque em branco, mas o sweet spot da Prisma é a complexidade. A gestora investe em precatórios, litígios envolvendo empresas brasileiras, ativos em recuperação judicial, high-yield debt, e oportunidades de equity que demandam soluções estruturadas.

A tese é buscar investimentos que, apesar de parecerem complexos, não signifiquem um risco necessariamente maior. Como transações complexas atraem menos capital, a Prisma faz parte de um pequeno grupo de casas que arbitram essas oportunidades, aportando não só capital como inteligência jurídica.

Este grupo inclui a Farallon Capital, até agora liderada por Daniel Goldberg, a mesa de special situations do BTG Pactual, e a SPS Capital, de Marcelo Mifano e Tomás Jatobá, também egressos do BTG.

“É muito complexo você fazer esses deals no Brasil porque eles mesclam a parte financeira com a parte jurídica,” diz um investidor.  “O gringo tem o capital, mas não tem a inteligência juridica. E é bem difícil fazer esse tipo de deal sentado em Nova York. Além disso, o Brasil tem muitas disfuncionalidades que geram oportunidades: sempre vai ter uma volatilidade política, macro ou uma complexidade jurídica para arbitrar.”

A estratégia permite que as gestoras tenham retornos descorrelacionados com o ciclo econômico do Brasil — por terem a flexibilidade para ‘pivotar’ de uma classe de ativos para outra, de acordo com o momento.

Em seu primeiro fundo, a Prisma investiu na Oi, dando um bridge para a operadora de telecom continuar seus investimentos em fibra óptica. Outra aposta foi na PetroRio: a Prisma fez um cheque de US$ 130 milhões, que a petroleira usou para comprar o campo de Tubarão Martelo.

Antes do primeiro fundo, a gestora já havia feito 12 transações entre 2017 e 2019 — a maioria club deals — incluindo o investimento na Bionexo e na Helios, uma geradora de energia solar.