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Ainda não sabemos se arcabouço vai aliviar juros, diz José Júlio Senna

3 de abr, 2023

Uma das premissas do novo arcabouço fiscal para reverter a alta no endividamento público é a queda no custo dessa dívida – ou seja, a diminuição dos juros pagos pelo Tesouro. Mas o economista José Júlio Senna, ex-diretor do Banco Central e chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, afirma “ter dificuldades” de entender como o programa apresentado na última semana possa reduzir de maneira substancial os juros reais. “Não sabemos se de fato vai haver alívio”, afirma. Isso porque as despesas do governo continuarão em trajetória ascendente, e o ajuste proposto é “todo calcado em aumento de receitas”. De acordo com o economista, foi positivo o governo ter apresentado regras de limite ao avanço dos gastos, mas a obtenção de superávits dependerá de aumentos reais de arrecadação nos próximos anos – uma variável que não é controlada diretamente pelo governo, o que eleva as incertezas sobre a execução do plano.

Segundo Senna, seria um custo muito elevado para o Banco Central fugir de seu protocolo e reduzir a Selic enquanto as expectativas de inflação permanecem em alta. Poderia haver uma piora das próprias expectativas e aumento dos prêmios de risco, fatores que trabalham contra a política monetária. Em sua opinião, “parece óbvio” que mexer na meta no meio da batalha contra a inflação seria um contrassenso. Metas mais tolerantes, diz ele, acabam por tornar a inflação muito volátil – algo ruim para a organização da economia.

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