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A arqueóloga brasileira que investiga o Egito além das pirâmides

11 de jun, 2025

A história do Egito antigo é comumente associada a faraós, pirâmides e escravidão – mas o estudo de registros da vida cotidiana da época, e de uma cidade em particular, mostra contornos mais ricos e pouco conhecidos.

Esse é o tema da entrevista com a arqueóloga Thais Rocha, professora de história antiga da UFMG e doutora em egiptologia por Oxford. Rocha dedica sua pesquisa à antiga cidade de Amarna, construída por um faraó herege no século XIV a.C., rapidamente abandonada e depois apagada da história oficial do Egito. “Em certa medida, Amarna é como Pompeia,” afirmou. “Existe um estado de preservação das ruínas, das casas e mesmo da própria estrutura urbana da cidade.”

A cidade foi fundada por Akhenaton, o faraó que tentou promover uma revolução religiosa ao trocar a adoração do panteão egípcio por um culto centrado em Aton, o disco solar. A mudança não foi bem recebida. Quando Akhenaton morreu, seu nome foi literalmente martelado dos monumentos. “Ele foi apagado da história,” conta Rocha.

Mas, para os arqueólogos, o que foi enterrado virou ouro. O pouco mais de 20 anos de existência da cidade a congelaram no tempo, oferecendo um raro retrato do cotidiano egípcio que escapou das idealizações funerárias. “A tumba contém um processo de idealização. É como você quer ser visto, como você quer ser lembrado. Enquanto a sua casa é o que você é.”

Com base na documentação arqueológica, Rocha também questiona narrativas tradicionais ligadas ao Egito bíblico — em especial, o Êxodo, que refere-se à saída dos judeus da região, e à escravização em massa de judeus na região. Segunda ela, não existem evidências de um êxodo de centenas de milhares de pessoas, ou mesmo dezenas de milhares.

Além da pesquisa de campo, a professora e colegas brasileiros trabalham em outro front: traduzir textos egípcios diretamente para o português. “Apesar de ser uma publicação acadêmica, as pessoas terão acesso. Para usar, por exemplo, no curso de história no colégio.”

O videocast Lado B também está disponível no Spotify.

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