A Beyond Meat – uma das pioneiras das carnes plant-based – está se tornando um dos maiores alvo de short sellers no mercado americano.
Os investidores estão preocupados com a queda nas vendas da empresa e o aumento do ceticismo em relação às proteínas alternativas, segundo o Financial Times.
As posições vendidas em ações da Beyond Meat aumentaram 40% desde o final de outubro e já chegam a 42% do free float, o maior percentual entre grandes companhias dos EUA.
O cerco dos shorts começou depois que a Beyond Meat alertou o mercado em outubro de que o faturamento no quarto trimestre desacelerou mais que o esperado por conta da variante delta nos EUA.
A empresa já tinha errado o guidance do trimestre anterior: ela esperava uma receita de US$ 120 mi-US$ 140 mi, mas entregou US$ 106 milhões, um crescimento de 13%. As vendas internacionais subiram 142%, mas no mercado americano, caíram 14%.
Em novembro, a Beyond Meat deu um guidance ainda mais fraco para as receitas do quarto trimestre: entre US$ 85 mi e US$ 110 mi, citando as incertezas em relação à covid e interrupções em sua cadeia de suprimentos.
Um dos investidores vendidos na ação é o papa do short selling, Jim Chanos, para quem a Beyond Meat deixou de ser uma ‘growth company’.
Chanos, fundador do hedge fund Kynikos Associates, disse ao FT que embora a percepção geral em torno do crescimento no mercado de carne à base de vegetais ainda seja positiva, esse deixou de ser o caso para a Beyond Meat.
A ação da Beyond Meat está hoje na casa dos US$ 65, menos da metade da cotação média do ano passado e abaixo do consenso de mercado, que é um preço-alvo de US$ 72,43.
O tamanho das posições vendidas na ação tem impedido que os papéis reajam a “boas notícias”, diz o FT, citando a contratação de executivos americanos e europeus da indústria de alimentos e o lançamento dos nuggets de frango da Beyond Meat pela KFC nos EUA.
A reação da ação ao lançamento do seu hambúrguer McPlant pelo McDonald’s também foi tímida.
Para os investidores, as margens da companhia deverão continuar sob pressão nos próximos trimestres.
O FT diz que as apostas crescentes contra a Beyond Meat ocorrem em meio ao aumento da incerteza sobre o crescimento do mercado de carnes vegetais. Os dados dos EUA e do Reino Unido mostram que as vendas, que dispararam em 2020, se estabilizaram em 2021.
O fato dos consumidores estarem comendo mais fora de casa e a indisponibilidade de alguns produtos por causa de problemas na cadeia de suprimentos afetaram a demanda.
No entanto, segundo o jornal, o investimento entusiasmado em proteínas alternativas e produtos à base de plantas continua, e novos produtos estão sendo introduzidos em cadeias de fast food e supermercados.
Desafiando a matéria negativa, a ação da Beyond Meat sobe quase 5% em Nova York no início da tarde.