O Governo acaba de indicar três novos nomes para compor o conselho da Petrobras: um militar de alta patente, um veterano do setor de energia (com uma condenação pela CVM) e um conselheiro profissional.
 
O primeiro é o Almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que foi o Comandante da Marinha de 2015 a janeiro deste ano — e será o presidente do conselho.
 
Além da Escola Naval, Leal Ferreira recebeu treinamento na Academia de Guerra Naval do Chile e na Academia Naval de Annapolis, nos Estados Unidos. A Petrobras disse que ele “foi treinado e teve suas capacidades de liderança, gestão e visão estratégica testadas e aperfeiçoadas ao longo de muitos anos de experiência.”  Nos EUA, é comum ex-comandantes militares ocuparem assentos em conselhos do setor privado.
 
O novo chairman foi uma indicação do Ministro das Minas e Energia, o Almirante Bento Albuquerque, mas o CEO Roberto Castello Branco também já demonstrou ter afinidade com a Marinha.
 
Em seu discurso de posse, Castello Branco agradeceu a presença do Almirante Julio Soares de Moura Neto, “o mais longevo Comandante da Marinha do Brasil e meu colega de turma no Colégio Naval”, e do Comandante Gilberto Esmeraldo, “amigo e também contemporâneo de meus tempos na Marinha.” 
 
O segundo nome indicado é John Albuquerque Forman, um geólogo e veterano do setor de energia que já foi diretor da ANP (2002-2006) nas gestões de Sebastião do Rego Barros e Haroldo Lima e esteve envolvido na fundação da petroleira HRT, onde trabalhou como executivo e conselheiro. (Fundada pelo geólogo Marcio Mello, um ex-funcionário de carreira da Petrobras, a HRT implodiu na Bolsa e se tornou a atual PetroRio.)
 
Em 2016, Forman foi condenado pela CVM por uso de informação privilegiada envolvendo a HRT.  Ele vendeu ações da companhia antes do anúncio de uma notícia negativa sobre os esforços de exploração na Namíbia, evitando, segundo a CVM, um prejuízo de R$ 169 mil.  A autarquia aplicou-lhe o dobro de multa.
 
Segundo o Valor, a CVM “solicitou do Credit Suisse as gravações telefônicas das ordens emitidas nos dois dias por Forman. Na conversa, transcrita no processo, Forman discute com dois funcionários da corretora sobre estratégias envolvendo a venda de papéis. … [Forman] diz que a notícia sobre a operação deveria ser divulgada em breve.  ‘Por isso que eu tô te dizendo, eles iam chegar ao objetivo hoje’, diz Forman. ‘E como a gente só pode falar depois do pregão, é hoje de tarde, então tem que fazer hoje (…) Acho que nessa altura é melhor vender mesmo.’”

No processo, a defesa de Forman negou o uso de informação privilegiada, e disse que a ordem de venda teve como base uma “estimativa” de Forman sobre a divulgação dos resultados na Namíbia.

 
O terceiro nome indicado é João Cox, um executivo com experiência em telecom que hoje participa dos conselhos da Embraer, TIM, Linx e Braskem — além de ter deixado a presidência do conselho da Estacio em abril do ano passado, depois de oito anos.
 
A União, como acionista controlador, nomeia sete dos 11 conselheiros da Petrobras. (A oitava vaga é de nomeação dos funcionários; outras duas, dos acionistas minoritários; e a última é reservada ao próprio presidente, pelo estatuto.)
 
Os três membros indicados deverão substituir Nelson Carvalho e Francisco Petros, que apresentaram suas renúncias no dia 2, e Durval Soledade, que renunciou hoje. Soledade permanecerá como membro externo do Comitê de Minoritários.
 
Há gestões junto a outro conselheiro, Segen Estefen, para que ele renuncie ao cargo para que o Governo possa finalizar as alterações que deseja no conselho.
 
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