Não foi nada como o número avassalador de 2015, mas o balanço do segundo trimestre da Petrobras divulgado agora há pouco tem duas provisões gigantescas que machucaram o resultado da companhia.
A primeira foi um impairment de R$1,1 bilhão referente ao investimento no Comperj, o polo petroquímico do Rio de Janeiro, que sofreu com estouro de custos, superfaturamento, atraso nas obras e a derrocada do preço do petróleo. O Comperj — um símbolo da euforia do pré-sal e do barril a US$100 — já havia gerado impairments em 2014 e no quarto trimestre de 2015.
O polo petroquímico não será mais construído. Das duas refinarias planejadas, a de 167.000 barris/dia foi postergada para 2023, e a de 300.000 barris/dia, adiada sine die. A entrada em operação da unidade de processamento de gás natural também foi adiada para 2019.
Depois da provisão de hoje, o Comperj está contabilizado a zero no balanço da Petrobras.
A outra provisão — R$1,2 bilhão — foi referente ao programa de demissão voluntária anunciado em abril. Cerca de 5.000 funcionários já aderiram ao programa, que vai até o final deste mês. Como os funcionários da Petrobras são todos concursados e têm estabilidade no emprego, o PDV é a única forma da estatal reduzir seu custo com pessoal.
Quando anunciou o programa, a Petrobras estimou a adesão de até 12 mil funcionários, o que representaria um custo para a companhia de R$ 4,4 bilhões e economias de R$33 bilhões no período 2016-2020.
Em boa parte ajudado pelo fortalecimento do real, o endividamento da Petrobras caiu: a dívida líquida, que no final de dezembro era 5,31x a geração de caixa dos últimos 12 meses, recuou para 4,49x no final de junho.