O PagBank – formerly known as PagSeguro – teve lucro líquido recorrente de R$ 542 milhões no segundo trimestre – um valor recorde, 31% maior que o do mesmo período do ano passado e superior ao consenso de mercado.
Mas o resultado “de pior qualidade”, como escreveram os analistas do Citi, fez a ação mergulhar 14,5% no pregão de hoje.
Parte do crescimento do lucro se deveu à menor alíquota efetiva de impostos. O EBT, o lucro antes dos impostos, foi pressionado pelo aumento de despesas com pessoal e marketing – e embora tenha ficado em linha com as expectativas do sellside, ficou abaixo do esperado pelo buyside.
O volume de pagamentos (TPV) teve um crescimento forte (34% na comparação anual) e bateu o consenso. “O problema é que, como as despesas aumentaram bastante, não vimos diluição de custos nem alavancagem operacional,” Kaio Prato, que cobre a empresa no UBS BB, disse ao Brazil Journal.
Além disso, destacou o Citi, “a companhia continua a ganhar market share, mas está avançando em segmentos pouco lucrativos, o que gera preocupações com a tendência de rentabilidade.”
A expansão do TPV foi puxada pelo segmento de grandes empresas, que tem margens menores. O take rate caiu para 2,1%, ante 2,3% no trimestre anterior e 2,5% no segundo tri do ano passado.
“A dúvida é como ficará o take rate daqui para a frente. A modelagem fica mais incerta,” disse o analista do UBS BB.
Se o passado foi complicado, o cenário futuro também não deve ajudar a empresa.
Na call com o mercado, o PagBank anunciou uma revisão do guidance, prevendo um crescimento maior dos volumes que do lucro.
A projeção para o TPV passou a ser de expansão entre 22% e 28% (o intervalo anterior ia de 12% a 18%).
Já a estimativa para o aumento do lucro passou de 16% a 22% para 19% a 25%, um resultado do aumento das despesas financeiras, dado que a Selic não deve cair tão cedo.
A ação negocia ao redor de 10,5x o lucro estimado para 2025. A companhia de Luiz Frias vale US$ 4 bi na NYSE.