O CEO da Petrobras, Roberto Castello Branco, nomeou um executivo de mercado e uma veterana da casa para dois cargos de diretoria, sinalizando um foco no programa de desinvestimentos e na busca por mais competitividade dentro da maior estatal brasileira.

10263 40b6bf27 464c 0000 0007 3157d31381faPara a diretoria executiva de Refino e Gás Natural, Castello Branco promoveu Anelise Quintão Lara, que terá a missão crítica de modelar a venda de ativos como a BR Distribuidora, refinarias e ativos de gás remanescentes.

Anelise tem experiência no assunto: ela é a gerente executiva de aquisições e desinvestimentos desde a gestão Pedro Parente. Reportando-se ao então CFO Ivan Monteiro e ao próprio conselho, Anelise foi instrumental na reciclagem do portfólio de campos e na venda de ativos como os gasodutos TAG e NTS. (A venda de diversos ativos continua parada graças a uma liminar do Ministro Ricardo Lewandowski.)

Há também uma certa simbologia na troca. Anelise substitui Jorge Celestino, um diretor mais ligado à área de refino, onde historicamente há mais resistência a qualquer movimento que signifique reduzir o tamanho da estatal. Na Petrobras desde 1986, Anelise fez sua carreira na área de E&P, o principal negócio da Petrobras e o único que não será reduzido na medida em que a estatal vender ativos non-core.

Para a diretoria de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão, Castello Branco recrutou Lauro Cotta, um executivo respeitado pelo mercado que fez sua carreira no setor de GLP (o gás de cozinha).  Cotta foi o CEO da Minasgás, uma distribuidora de gás vendida para a SHV, a multinacional holandesa dona da Supergasbras.  

Cotta foi membro do conselho da SHV na Holanda de 2012 a 2014 e é conselheiro do IBP – o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis.

A surpresa dentre as nomeações foi a manutenção de Solange Guedes como diretora de Exploração e Produção. Solange ascendeu ao cargo ainda na gestão Graça Foster, depois de ter sido a No. 2 do então diretor Guilherme Estrella, que foi escolhido pelo Governo Lula e ficou no cargo entre 2003 e 2012. 

A manutenção de Solange é uma boa notícia para os acionistas da Petronbras, mas nem tão boa para o ajuste fiscal do Ministro Paulo Guedes.  Solange foi a principal interlocutora da Fazenda nas negociações a respeito da revisão do contrato da cessão onerosa — e foi linha dura.  

O projeto de lei enviado ao Congresso — que revê o contrato e permitirá ao Governo fazer novos leilões — faz da Petrobras credora líquida do Tesouro. Em outras palavras: uma parte significativa do resultado dos leilões vai acabar nos cofres da Petrobras, em vez do Tesouro.  No novo Ministério da Economia, havia a expectativa de que o substituto de Solange pudesse aceitar termos que dividissem o bolo mais equanimemente entre o cofre da Petrobras e as contas públicas.

Castello Branco também promoveu Rudimar Lorenzatto para a diretoria executiva de Desenvolvimento da Produção e Tecnologia, substituindo Hugo Repsold Júnior. Lorenzatto hoje é o gerente executivo de Sistemas Submarinos daquela diretoria.

As nomeações dependem de aprovações do conselho.

Agora, a grande expectativa do mercado é a respeito dos nomes que Castello Branco indicará para o conselho, que tem dois assentos livres: Nelson Carvalho e Francisco Petros renunciaram no dia 2, antecipando as mudanças que virão.