As pessoas LGBTQ+ devem investir com a mesma estratégia dos heterossexuais? 

O UBS acredita que não. 

Num relatório publicado hoje, o banco argumentou que, como não existe igualdade social e legal em nenhum lugar do mundo, não faz sentido que grupos distintos adotem a mesma estratégia de investimentos. 

O UBS analisou diversos fatores que impactam a vida das pessoas LGBTQ+ — como a relação com a família, a segurança no trabalho e os valores — e suas implicações nas decisões de investimento. 

A conclusão: “Enquanto as preocupações gerais dos investidores são as mesmas, independente do gênero ou da orientação sexual, os investidores LGBTQ+ tendem a ter necessidades e desafios diferentes,” diz o relatório. 

Quando o assunto é família, por exemplo, não é raro pessoas LGBTQ+ enfrentarem preconceito dentro da própria casa, deixando de contar com o apoio e a estrutura familiar — o que pode levar a insegurança financeira e um legado de dívidas. “É mais fácil assumir riscos se há um lar para onde voltar. Erros são muito mais custosos para aqueles que precisam ser autossuficientes”, diz o relatório.

Em muitos casos, os LGBTQ+ também precisam se tornar financeiramente independentes mais cedo que os outros, o que requer uma estratégia de liquidez para cobrir as despesas do dia a dia, segundo o banco. 

Além disso, como muitos jovens LGBTQ+ acabam escolhendo viver em áreas urbanas e nas grandes cidades, isso dificulta guardar dinheiro nessa fase da vida, porque os custos ali são mais altos. 

Segundo o UBS, dados de 1990 a 2015 dos EUA mostram que casais do mesmo sexo em busca de um financiamento imobiliário economizaram um valor de entrada menor que os casais heterosexuais. Eles também tiveram mais dificuldade de ter o financiamento aprovado e pagaram um custo mais alto pelo empréstimo.

Lembrando que os LGBTQ+ frequentemente sofrem perseguições no trabalho ao se assumirem, e tendem a ter menos oportunidades, o banco sugere que eles tenham uma estratégia específica para lidar com as economias para a aposentadoria. 

Há também a questão da longevidade — casais formados por duas mulheres tendem a viver 2 anos a mais que casais heterossexuais e 3 anos e meio a mais que casais gays masculinos. 

O UBS diz que um casal hétero deveria chegar aos 65 anos tendo poupado 17 vezes seu gasto anual para financiar 20 anos de aposentadoria (dos 65 aos 85 anos). Como para casais de mulheres a longevidade é maior, elas têm que poupar 22 vezes o gasto anual do casal para garantir 30 anos de aposentadoria.