A demanda global por data centers deve crescer exponencialmente nos próximos anos com a expansão da GenAI — que exige uma capacidade de processamento gigantesca e um consumo de energia brutal.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa no ChatGPT consome, em média, 10x mais energia que uma busca no Google.
Nesse contexto, um dos beneficiários pode ser o Brasil, que ainda tem uma fatia ínfima do mercado global de data centers, mas tem todas as condições necessárias para atrair investimentos nesse setor.
É essa a visão do Santander, que publicou um relatório hoje destrinchando esse mercado, e analisando as oportunidades para o País.
O relatório lembra que o mercado de data centers atingiu US$ 329 bilhões em 2023 e pode chegar a US$ 438 bi em 2028, um CAGR de 6,6%. Esse mercado consumiu 460 TWh de energia em 2022 (cerca de 3% do consumo total do mundo), e esse consumo pode subir para 620-1.050 TWh em 2026.
“Ainda que o mercado de data centers seja concentrado nos EUA e na Europa hoje, as duas regiões tem sofrido com a oferta de energia e água (a última sendo essencial para esfriar os data centers), e com as regulações recentes de eficiência energética e emissões de carbono,” diz o relatório.
“Com a demanda crescente por armazenagem de dados, grandes companhias vão buscar países que ofereçam uma combinação de baixo custo, boa infraestrutura e energia confiável.”
Para o Santander, o Brasil se destaca globalmente em termos de geração de energia limpa, disponibilidade de energia e eficiência de custos, além de ter uma grande oferta de água.
“O Brasil também está geograficamente perto do Chile, o maior produtor global de cobre, um mineral considerado crítico para as aplicações elétricas dos data centers.”
O mercado brasileiro de data centers atingiu US$ 4,6 bilhões no ano passado, uma participação de 1,4% do mercado global. A estimativa da Statista é que ele cresça para US$ 6,5 bi em 2028, um CAGR de 7,1% (superior ao crescimento do mercado), atingindo uma participação de 1,5%.
“Se as companhias transferirem seus data centers para o Brasil, eles terão uma vantagem competitiva em termos de pegada de carbono,” diz o Santander. “Enquanto os combustíveis fósseis respondem por 77% da matriz global de energia, no Brasil eles representam 50,8%. Em termos de energia elétrica, só 15% das fontes do Brasil são consideradas não-renováveis, em comparação a uma média global de 61%.”
O Santander diz ainda que o Brasil tem hoje uma sobreoferta de eletricidade.
“Um dos caminhos mais vantajosos para o Brasil usar essa sobreoferta seria por meio do ‘powershoring’, ou seja, atrair indústrias estrangeiras para instalar plantas intensivas em energia no País.”
Para o Santander, os desafios para o Brasil conseguir expandir seu mercado de data centers são os altos impostos, a alta taxa de juros, uma infraestrutura de TI limitada e a falta de profissionais especializados no setor.
Segundo o banco, o Brasil tem um dos maiores impostos no setor entre os países da OCDE, o que aumenta os custos de instalação e operação dos data centers.