A Oncoclínicas entregou o maior EBITDA da história da companhia – 14,5% acima do consenso – refletindo ganhos de escala, sinergias das aquisições e a expansão de seus cancer centers como proporção da receita.
A companhia de tratamento oncológico fez um EBITDA de R$ 238 milhões no quarto tri, com uma margem de 19,6%, uma expansão de 5 pontos percentuais na comparação anual e de 3 pontos na comparação com o terceiro trimestre.
“A margem EBITDA de toda a companhia já está bem parecida com a margem EBITDA das clínicas individuais, mesmo com todas as despesas de holding que temos,” o CEO Bruno Ferrari disse ao Brazil Journal.
A margem EBITDA também se beneficiou do crescimento dos cancer centers, que têm margens maiores e já são 14% da receita.
No trimestre anterior, a Oncoclínicas já havia capturado boa parte das sinergias de custos, que são mais rápidas de ser implementadas. Agora, a companhia começou a capturar algumas sinergias relacionadas às despesas administrativas.
“As despesas operacionais como proporção da receita líquida estão caindo,” disse o CFO Cristiano Camargo. “Caíram de 20,1% um ano atrás para 17,3% agora, e essa redução vem justamente do trabalho de captura das sinergias de despesas.”
O lucro também cresceu de forma substancial no trimestre, superando em mais de 2x as estimativas do mercado. A Oncoclínicas lucrou R$ 96 milhões no trimestre, contra R$ 22 milhões um ano antes.
Mas a surpresa no bottom line foi ajudada por dois fatores: créditos fiscais, que somaram R$ 65 milhões no trimestre, e o processo de otimização tributária que a empresa começou no terceiro tri.
No quarto tri, a alíquota efetiva da empresa foi inferior a 34% por conta dos créditos fiscais. Excluindo esse fator, o processo de otimização tributária já teria derrubado a alíquota da Oncoclínicas de 80% para perto de 50%, segundo o CFO.
“Ainda tem um trabalho a ser feito para atingirmos os 34%, mas acho que chegamos nesse patamar até o final do ano, e aí ele deve virar o recorrente,” disse Cristiano.
A Oncoclínicas também reportou um crescimento robusto do top line no trimestre, com uma receita de R$ 1,2 bilhão, alta de 58%.
Cerca de metade desse crescimento veio das aquisições que a companhia fez ao longo do ano passado; a outra metade veio de crescimento orgânico — um mix de mais tratamentos com aumento do tíquete médio.
“Tivemos ganho de market share, atendemos novos pacientes e aumentamos o número de tratamentos feitos. Isso pesou mais que o aumento do tíquete,” disse Bruno. “Estamos crescendo sem pressionar tanto os custos do sistema.”
Num momento em que o endividamento das empresas é um dos grandes temas do mercado, a Oncoclínicas fechou o ano com uma alavancagem de 2,7x o EBITDA anualizado do quarto tri.
A companhia tem dito ao mercado que espera reduzir essa alavancagem para 2,2x no final deste ano por meio do aumento do EBITDA e uma maior geração de caixa, que deve reduzir a dívida líquida.
Em termos de liquidez e custos, o CFO disse que a Oncoclínicas “está confortável.” A empresa fez um trabalho de ‘liability management’ no segundo semestre, alongando o prazo da dívida e diminuindo seu custo.
Em julho, a empresa emitiu um CRI de R$ 500 milhões e, em dezembro, levantou uma debênture de R$ 750 milhões. Com isso, reduziu o custo médio da dívida de CDI + 3,5% para CDI + 1,75%.
Hoje, 55% da dívida tem vencimento a partir de 2027.
O papel fechou o dia a R$ 6,76, com a companhia valendo R$ 3,3 bilhões.