A Oncoclínicas acelerou seu crescimento orgânico e reduziu substancialmente seu SG&A no primeiro tri. Resultado: uma margem EBITDA de 21,4%, a maior da história da companhia.
A empresa de oncologia disse que sua receita líquida cresceu 60% para R$ 1,3 bilhão.
Desse crescimento, 27% vieram dos M&As que a Oncoclínicas fez nos últimos 12 meses (especialmente a aquisição da Unity), e o restante, do crescimento orgânico.
O volume de tratamentos subiu 4,6% no sequencial para 151 mil — mesmo com uma sazonalidade desfavorável. (Tipicamente, a Oncoclínicas reporta um volume flat no primeiro tri em comparação ao quarto, já que o período de janeiro a março tem menos dias úteis.)
A empresa atribuiu o crescimento de volume principalmente aos ganhos de market share. “Cada vez mais estamos completando a linha de cuidados do paciente e controlando mais a jornada dele dentro do grupo,” o CEO Bruno Ferrari disse ao Brazil Journal.
Esse ganho de share também foi ajudado pelas JVs que a Oncoclínicas fez ao longo do último ano com empresas como a Unimed.
Mas mais importante ainda, o crescimento orgânico de 33% mostra uma aceleração da companhia, que havia reportado um crescimento orgânico de 26% no quarto tri e de 29% no terceiro tri do ano passado.
A empresa também continuou reduzindo seu SG&A como proporção da receita — que vem caindo de forma consecutiva há quatro trimestres como consequência das integrações de ativos adquiridos.
No primeiro tri, o SG&A caixa (que exclui despesas não-caixa como depreciação e amortização) foi equivalente a 15% da receita líquida — uma queda de 2,6 pontos percentuais em relação ao quarto tri.
No primeiro tri do ano passado, essa proporção era de 19,6%.
O CFO Cristiano Camargo disse que não vê mais tanto espaço para reduzir esse indicador, já que boa parte das integrações já foi feita.
“Temos uma postura mais conservadora em relação a esse número, até porque já estamos num patamar que achávamos que só chegaríamos no final do ano,” disse o CFO. “É um lugar que não podemos mexer tanto para não ter rupturas na operação, não afetar a qualidade do nosso backoffice.”
Essa redução nas despesas — somada ao aumento da margem bruta, que fechou em 36,4% — levou a Oncoclínicas a uma expansão relevante de sua margem EBITDA.
A companhia fez um EBITDA de R$ 277 milhões com margem de 21,4%, uma alta de 7,4 pontos em relação ao primeiro tri do ano passado e de 1,8 ponto em comparação ao quarto.
“Muito dessa expansão de margem está vindo do crescimento da companhia, que gera uma alavancagem operacional, e do trabalho forte de racionalizar despesa e capturar sinergias,” disse o CFO.
O lucro líquido ficou em R$ 41 milhões, beneficiado por um crédito fiscal de R$ 13 milhões e revertendo um prejuízo de R$ 16 milhões um ano antes.
Este é o terceiro tri consecutivo em que a companhia reporta um bottom line positivo.
A alavancagem também subiu de 2,7x EBITDA para 3x no trimestre, um patamar alto mas ainda distante dos limites dos covenants da empresa (de 4x).
Essa alta teve a ver com uma dinâmica normal da companhia, que sempre queima caixa no primeiro trimestre por conta de um acúmulo de desembolsos no período. É no primeiro tri que a Oncoclínicas paga, por exemplo, os bônus dos médicos, o PLR e bônus da estrutura corporativa.
No trimestre, a Oncoclínicas queimou R$ 341 milhões, mais de 2x o consumo de caixa do mesmo período do ano passado.
A partir do segundo tri, a expectativa do management é iniciar uma trajetória de desalavancagem, terminando o ano com uma dívida líquida de 2,2x EBITDA.