A Omie — a startup que fornece software de gestão para PMEs — acaba de comprar um banco digital para PJs para acelerar seus planos de criar uma oferta integrada de ERP e banking.
A Omie está pagando R$ 120 milhões pelo Linker, um neobank fundado há apenas dois anos e que tem 30 mil clientes PJ.
A aquisição — parte em dinheiro, parte em ações — é a quarta e maior da Omie desde que ela foi fundada há oito anos, e vem num momento em que a empresa já se prepara para um IPO nos EUA após uma rodada de R$ 580 milhões com o Softbank.
Os três fundadores do Linker — David Mourão, Ingrid Barth e Daniel Benevides — vão continuar como executivos e sócios da Omie, à frente da divisão de banking.
As conversas entre as duas empresas duraram apenas três meses e “o fit foi instantâneo”, o fundador da Omie, Marcelo Lombardo, disse ao Brazil Journal.
“De todas as contas PJs que vimos, eles eram os únicos que tinham a filosofia de trabalhar em parceria com os contadores, o que é a raiz do nosso negócio,” disse ele. “Eles vêem o contador como um canal de originação e oferecem várias facilidades para eles, o que faz com que eles queiram indicar o Linker para os clientes.”
A aquisição faz parte da estratégia de Marcelo de criar uma oferta integrada de ERP e banking, gerando sinergias importantes entre os dois negócios.
Uma das mais óbvias é fazer o cross-sell entre as duas plataformas. A Omie tem 18 mil escritórios de contabilidade parceiros, que atendem mais de 1,2 milhão de pequenas e médias empresas.
Esses escritórios podem passar a oferecer o Linker para seus clientes, alavancando de forma brutal o crescimento da fintech.
“Nem todos esses 1,2 milhão de PMEs acham que precisam de um ERP, mas todos sabem que precisam de uma conta digital que esteja integrada com seu contador,” disse Marcelo.
Outra possibilidade é incluir pequenas funcionalidades de ERP dentro da conta digital do Linker. As duas empresas já estão estudando oferecer, por exemplo, uma conta corrente que emita notas fiscais.
“Isso seria muito interessante para uma empresa que não tem maturidade para ter um ERP ainda, mas que quer emitir nota,” disse David, do Linker. “Podemos oferecer esses ‘microsserviços’ de gestão e, quando a empresa crescer e precisar de mais funcionalidades, ela pode migrar para a Omie.”
Uma das alternativas estudadas seria monetizar essas ferramentas como ‘ad-ons’, gerando uma receita de assinatura recorrente para a fintech.
Segundo Marcelo, esses ‘microsserviços’ seriam um diferencial importante para o Linker porque “nenhuma conta PJ hoje oferece a emissão de notas” e, para desenvolver essa solução do zero, “eles precisariam de pelo menos uns quatro, cinco anos.”
Antes da aquisição do Linker, a Omie já tinha uma oferta de serviços financeiros que englobava produtos de crédito de terceiros e uma conta digital própria, a Omie.Cash (mas ela só funcionava dentro do software, o que limitava o crescimento.)
O plano de Marcelo é ampliar ainda mais a oferta de serviços financeiros, entrando mais forte também em crédito e pagamentos. Em dois anos, ele espera que 30% da receita venha do negócio de banking, em comparação a menos de 5% de hoje.
O FM/Derraik foi o assessor jurídico da Omie.
O BZCP assessorou o Linker.