De olho no nearshoring, a Frasle Mobility acaba de anunciar a maior aquisição da sua história.
A fabricante de autopeças controlada pela Randoncorp está pagando R$ 2,1 bilhões pela mexicana KUO Refacciones, o braço de autopeças e reposição do Grupo KUO, que também atua nos setores de alimentos e químico.
O pagamento será feito parte com caixa e parte com dívida, mas ainda podem ocorrer mudanças até a data do closing. Segundo a empresa, mesmo com a emissão de novas dívidas, a alavancagem da Frasle não deve ultrapassar 1,5x.
Sérgio Carvalho, o CEO da Frasle e da Randoncorp, disse ao Brazil Journal que a companhia já acompanhava a KUO Refacciones há cerca de cinco anos, “mas eles não estavam preparados para fazer a transação, então houve uma reaproximação há cerca de um ano.”
Segundo o CEO, além de acrescentar R$ 1,4 bilhão ao faturamento anual da Frasle, a KUO Refacciones vai permitir que a empresa aproveite a onda do nearshoring – ainda mais com o aumento da taxação dos produtos chineses nos EUA.
“Vemos uma oportunidade muito grande, já que o sentimento anti-chinês dos americanos está muito forte,” disse. “É um dos poucos temas onde os dois lados do Congresso se unem. O México, então, virou near and friendly shoring.”
O executivo nota que o mercado mexicano já é gigantesco: são 55 milhões de veículos em circulação no país – muitos deles mais velhos e precisando de novas peças.
Não à toa, cerca de 90% das vendas da KUO Refacciones ainda são internas – o restante fica dividido entre EUA e outros países da América Central.
A KUO Refacciones tem quatro principais linhas de negócio: a Moresa e a TF Victor, voltadas para peças de motores, como pistões e juntas; a Fritec, que produz e vende peças de fricção, como pastilhas e lonas e freios; e a Dacomsa, a principal distribuidora de peças de reposição do México.
Hemerson Souza, o diretor de RI e M&A da Frasle, disse que vê sinergias com a KUO no canal de distribuição da Dacomsa, que permitirá à Frasle aumentar as vendas dos seus produtos na América do Norte, e também com a otimização das fábricas com as trocas entre as companhias.
Além disso, a Frasle passará a ter peças de motores em seu portfólio e, segundo Hemerson, a ideia é ampliar a penetração desses produtos em outros mercados – inclusive o brasileiro, que é dominado pela Mahle.
“O foco, no entanto, está no mercado externo,” disse.
Com a aquisição das duas fábricas da KUO Refacciones, a Frasle passa a ter plantas em seis países (Brasil, Estados Unidos, China, Índia, Argentina e México).
Mesmo com o foco de curto prazo na integração, o CEO disse que essa compra não vai tirar o apetite da Frasle por novas aquisições.
Apesar do momento complicado (para dizer o mínimo) da Bolsa brasileira, a Frasle está negociando perto de sua máxima histórica.
A empresa, que acumula uma alta de 40% nos últimos 12 meses, vale R$ 4,8 bilhões na B3.
A Frasle foi assessorada pelos escritórios Madrona Fialho (concorrencial), Machado Meyer (funding), Mattos Filhos (societário) e o mexicano Santamarina + Steta (contratos e due diligence).