A decisão da Prefeitura de São Paulo de implementar um rodízio turbinado a partir de hoje é uma burrice que beira um crime contra a saúde pública.
É lamentável que a gestão Bruno Covas esteja tentando tirar do Presidente Bolsonaro o monopólio da inconsequência quando o assunto é o combate à pandemia.
A adoção do rodízio hoje fez aumentar em 10% a ocupação dos ônibus, entre 12% e 15% o número de passageiros nos trens urbanos e 14% na Linha Amarela do Metrô.
Ou seja, justamente quando São Paulo mais precisa de distanciamento social, a Prefeitura comprime mais paulistanos dentro do transporte público. Quem paga o pato? Os mais vulneráveis, o que agrava o escárnio. Para piorar: o link que a Prefeitura criou para cadastrar o pessoal essencial (isento do rodízio) não está funcionando bem — no caos atual, um mero detalhe.
Essa decisão mal concebida e mal executada tem que ser revertida já — seja pela Justiça ou por pressão da Câmara dos Vereadores. Uma vereadora já entrou com uma ação para suspender o decreto.
A secretaria de transportes — que teve três titulares em três anos e meio de mandato — parece ser acometida de surtos de estupidez.
Dias atrás, já haviam tido a ideia brilhante de bloquear cruzamentos críticos da cidade, deixando ambulâncias e médicos presos no trânsito.
A Prefeitura está tratando os paulistanos como crianças rebeldes que merecem punições crescentes. Como o índice de isolamento social caiu, aumenta-se a repressão ao tráfego.
É verdade que educação, orientação e persuasão não têm sido eficazes — nem em São Paulo nem em outras metrópoles — para convencer parte da população a ficar em casa, forçando as autoridades a adotar lockdowns mais severos.
Ainda assim, o rodízio ampliado já entrou para a coleção de boas intenções que pavimentam o caminho do inferno. Só que o Inferno é na Terra.