O Governo de Minas Gerais indicou na sexta-feira os cinco nomes a que tem direito no conselho da Cemig, que possui nove assentos.

Trata-se de um board com um dos maiores desafios do País:  enxugar a maior estatal mineira, fortalecer sua estrutura de capital, e deixá-la pronta para a privatização.  Além disso, o conselho deverá ter ingerência direta sobre a nomeação dos conselhos da Light e da Renova, ambas controladas pela Cemig.

Os indicados são:

Márcio Utsch, o ex-CEO da Alpargatas que comandou a empresa por 15 anos e se aposentou em janeiro aos 60 anos de idade, o limite estatutário. Utsch deve ser o chairman do conselho.

Antônio Junqueira, sócio da Vinland Capital, onde chefia o time de pesquisa, e um veterano na análise do setor de energia.  Antes da Vinland, Junqueira foi analista de energia do BTG Pactual por 11 anos.

Cláudio Araújo Pinho, um advogado cujo escritório presta serviços à Cemig e professor universitário. 

José Reinaldo Magalhães, funcionário de carreira do Banco do Brasil, mais tarde diretor de investimentos da Previ e depois sócio da BR Investimentos, a gestora fundada por Paulo Guedes. José Reinaldo trabalhou na BR Investimentos — agora Bozano Investimentos — entre dezembro de 2009 e setembro de 2015. Já foi conselheiro da Cosern e da Celpe (distribuidoras da Neoenergia) e membro do conselho fiscal da CPFL Energia.

Romeu Rufino é a nomeação mais controversa. Rufino ficou 21 anos na Aneel, 12 dos quais como diretor. Era parte do pequeno círculo que assessorou Dilma Rousseff na edição da MP 579, que causou prejuízos estimados em R$ 105 bilhões ao setor. Dilma o nomeou diretor-geral da Aneel no ano seguinte, e seu mandato expirou em agosto do ano passado. “Não se trata de perseguir ninguém, mas não entendo por que o [Partido] Novo aposta no velho,” diz uma fonte do setor elétrico. 

A eleição do novo conselho deveria ocorrer na assembleia marcada para 25 de março, mas minoritários já informaram à empresa que o prazo legal de 15 dias para indicação de candidatos antes da convocação da Assembleia não foi cumprido.  Estes acionistas estão pedindo uma mudança na data para que possam exercer seu direito de indicar candidatos para inclusão no boletim de voto à distância.

Os minoritários têm direito a três vagas no conselho (uma pelos detentores de PNs; duas pelos de ONs.). Pelo estatuto, os funcionários da Cemig têm direito à nona vaga, mas este processo eleitoral ainda não foi lançado, o que viola um dispositivo da Lei das Estatais.

Os seguintes conselheiros devem deixar a Cemig:  Adézio Lima, atual chairman e ex-vp do Banco do Brasil; Marco Antonio Castello Branco, atual CEO da Codemig com uma breve passagem pela Usiminas;  Bernardo Alvarenga, o ex-CEO da Cemig, substituído no início do mês; Marco Aurélio Crocco, presidente do BDMG, o banco de fomento do estado; e Luiz Guilherme Piva, vice-presidente do BDMG.

Além da renovação do board, a Cemig tem que avançar rápido no enxugamento de sua diretoria e na nomeação dos novos diretores.

As atuais 11 posições de diretoria devem ser reduzidas a seis.  Além do cargo de CEO, Cledorvino Belini acumula hoje a vice-presidência (que deverá ser extinta) e as diretorias juíridica e de recursos humanos. Outro diretor, Ronaldo Gomes de Abreu, acumula hoje três diretorias:  Distribuição e Comercialização; Geração e Transmissão; e Gestão Empresarial. Finalmente, Maurício Fernandes acumula hoje os cargos de CFO e DRI com a diretoria de relações institucionais e comunicação.