Um vírus que começou a se alastrar a partir da China está mobilizando a Organização Mundial de Saúde (OMS) e ameaça se tornar um risco para a saúde pública global e os mercados.

Hoje, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos confirmou o primeiro caso do vírus no país, elevando para cinco o número de países onde o vírus já chegou. (Além da China, foram registados casos no Japão, Tailândia e na Coreia do Sul).

Desde dezembro, a doença misteriosa já matou pelo menos seis pessoas e contaminou outras 300. 

O vírus ainda não afetou a Bolsa americana, mas já bateu na Ásia. 

Hoje, quase todas as ações das bolsas de Singapura e Hong Kong fecharam em queda; e o renmimbi teve a maior desvalorização dos últimos meses.

Ainda não está clara a origem do vírus, mas autoridades chinesas acreditam que o ponto de partida foi um mercado de peixes em Wuran, uma cidade de 11 milhões de habitantes no leste do país. No local, eram vendidos também animais silvestres como cobras, pássaros e guaxinins — alguns deles ainda vivos e engaiolados. 

Os primeiros contaminados foram funcionários desse mercado, que teriam pego o vírus pelo contato com os animais.

A doença — que tem sido chamada apenas de “2019-nCov” — é uma nova cepa do coronavírus (uma família de vírus que causa desde resfriados leves até doenças sérias como pneumonia e gripe asiática).

Nos últimos dias, a história ganhou contornos ainda mais graves com a constatação de que o vírus estaria se espalhando de pessoa para pessoa. 

Para se ter uma ideia, um paciente chinês teria contaminando sozinho 14 funcionários do hospital em que estava internado um indicador alarmante da transmissibilidade.


Com a chegada do Ano Novo chinês, a situação tende a piorar. O feriado, que começa na sexta e é um dos mais importantes do país, causa um fluxo migratório gigantesco com milhões de chineses viajando para diversos países do mundo. Segundo a Bloomberg, mais de 3 bilhões de viagens estão agendadas para o fim de semana. 

Pelo menos uma companhia aérea começou a equipar suas aeronaves com trajes de proteção para as aeromoças e pilotos e a desinfetar diariamente os aviões que vão para a China (em vez de uma vez por mês). 

Nos aeroportos chineses, funcionários montaram uma operação de guerra e pessoas com sintomas como febres têm sido impedidas de embarcar. 

Uma reunião de emergência da OMS está marcada para amanhã, quando a organização determinará se o vírus é um risco para a saúde pública mundial e quais medidas serão tomadas.

O grande temor é que a situação repita o que ocorreu em 2003, quando outro coronavírus se alastrou pelo mundo, causando uma síndrome respiratória aguda grave (SARS) em mais de 8 mil pessoas e matando perto de 800.