Está faltando fogo na grelha do Burger King Brasil. 

Ontem à noite, a rede reportou que as vendas das lojas abertas há mais de um ano subiram apenas 4% no terceiro trimestre, o pior desempenho reportado pela companhia desde sua abertura de capital no fim de 2017 (excluindo o trimestre da greve dos caminhoneiros, que prejudicou toda a indústria). 

O mercado já antecipava um resultado morno, mas os números frustraram mesmo assim. 

As ações do BK abriram o dia em queda de 3%. 

A perda de fôlego do Burger King vem num momento em que seu principal concorrente, o McDonald’s, vem reagindo no País. 

No primeiro trimestre deste ano, as vendas ‘mesmas lojas’ do Mac no Brasil subiram mais do que as do Burger King pela primeira vez em mais de três anos. O gap se manteve no segundo trimestre e deve continuar no terceiro, que ainda não foi reportado. O JP Morgan estima uma alta de 7,5% nas vendas no Brasil. 

“A demanda de forma geral continua deprimida, mas acreditamos que há alguma pressão do maior competidor do BK, que adotou uma postura mais agressiva em promoções e uma abordagem mais inovadora no marketing”, a equipe do Bradesco BBI escreveu num relatório. 

Depois de anos perdendo share, o McDonald’s decidiu adotar uma política mais agressiva de promoções no fim do ano passado — e passou a oferecer 2 sanduíches por R$ 14,90 — numa resposta direta à promoção de 2 por R$ 15 do BK que já vigorava, com sucesso, há dois anos. 

“O McDonald’s estava errando a mão, agora viraram”, diz o analista de uma gestora. “Não sei se de forma rentável, mas viraram.”

Numa economia cambaleante, o nome do jogo é trazer fluxo para a loja. 

Apesar das redes quase não ganharem dinheiro com a estratégia de dois por quinze, a promoção ajuda a atrair tráfego — e o cliente acaba levando outros itens, como sobremesas, que são mais rentáveis, o que ajuda a equilibrar a equação. 

Depois de bater um pico de R$ 24 em março, as ações do Burger King devolveram a alta e negociam na casa dos R$ 18,60, próximo dos R$ 18 do IPO. 

“Foi um IPO salgado, que precificou a perfeição”, diz um analista. “Precisa de muito crescimento para justificar o preço e qualquer engasgo acende a luz amarela.”

O Burger King negocia a 11 vezes EV/EBITDA, enquanto a Arcos Dorados — a master franqueada do Mac para a América Latina e que tem cerca de 60% do EBITDA vindo do Brasil — negocia a 7x.