A Farmax – a fabricante de produtos de personal care que se tornou uma investida da Vinci Partners há um ano e meio – acaba de fazer o maior M&A de sua história.

A empresa comprou a Sanavita, um dos três maiores players de suplementos alimentares do País, fabricando produtos como whey protein e liderando em categorias como colágeno e ácido hialurônico oral, que é naturalmente produzido pelo organismo e contribui com a elasticidade da pele. 

Ronaldo RibeiroA Farmax comprou 100% do negócio, que faturou R$ 80 milhões no ano passado. O valor da aquisição não foi revelado – mas as transações nesse setor tipicamente saem a um múltiplo de 10x a 12x EBITDA. 

A Sanavita nasceu há mais de 40 anos quando uma professora de nutrição da USP, Jocelem Mastrodi, começou a fabricar produtos para o emagrecimento num pequeno galpão em Piracicaba. 

A empresa foi uma das pioneiras no mercado de suplementação alimentar no Brasil e hoje vende seus produtos principalmente pelo ecommerce e o chamado ‘canal verde’, essencialmente lojas de produtos naturais como o Mundo Verde. 

Uma das principais sinergias da transação será na distribuição, o CEO da Farmax, Ronaldo Ribeiro, disse ao Brazil Journal. 

A Farmax está presente em 94% das 91 mil farmácias brasileiras, e a ideia é passar a distribuir os produtos da Sanavita nessas lojas. Segundo ele, a ideia é levar os produtos da Sanavita para 5-10% da base de farmácias já no primeiro ano pós-aquisição, e depois aumentar essa penetração gradativamente.

Com isso, a Farmax espera elevar o faturamento da Sanavita para R$ 100 milhões este ano, um crescimento de 25%.

Do outro lado, a Farmax também deve se beneficiar dos canais de distribuição da Sanavita, passando a vender alguns produtos, como óleos essenciais, no ‘canal verde’, bem como usar a expertise da Sanavita na venda digital para desenvolver mais o ecommerce da Farmax, que ainda é muito pequeno. 

Ronaldo disse que a transação endereça dois dos três pilares estratégicos desenhados junto com a Vinci: crescer em canais além do farmacêutico, em novas geografias e em novas categorias.

No mês passado, a Farmax já havia feito outra aquisição ao comprar a Negra Rosa, uma marca de maquiagens e produtos de cabelo para mulheres negras que fatura em torno de R$ 10 milhões por ano. 

As aquisições estão sendo bancadas pela própria geração de caixa da companhia e por dívida. A Farmax costumava trabalhar com zero de alavancagem, mas pouco depois da compra pela Vinci, emitiu R$ 175 milhões em debêntures.

A Farmax é uma das poucas empresas de consumo que está conseguindo se beneficiar do cenário macroeconômico mais desafiador. 

Como atua com produtos mais baratos e com formulações bem parecidas com as das grandes marcas, em cenários de crise o consumidor acaba migrando para seus produtos, disse o CEO. 

O resultado disso tem sido um crescimento acima do mercado. No ano passado, a Farmax cresceu mais de 30% para uma receita bruta de R$ 600 milhões, enquanto o mercado farmacêutico cresceu 12%. 

Para este ano, a empresa estima crescer o faturamento para R$ 750 milhões – sem considerar os números da Sanavita.