Uma febre cada vez maior entre os millennials, os digital influencers terão que conquistar agora um novo público: os investidores.

A chinesa Ruhnn Holding, uma espécie de agência de talentos para celebridades online (leia-se blogueiros e youtubers), acaba de pedir o registro para listar suas ações na Nasdaq.

O objetivo: acelerar sua expansão e abrir novos canais de monetização para seus 113 clientes.

Fundada em 2014, a startup chinesa — que tem o Alibaba como investidor — identifica influenciadores emergentes em redes sociais como Weibo e WeChat e lhes dá um treinamento completo para alavancar suas carreiras.

A Ruhnn tem parceria com 500 marcas e abre lojas virtuais personalizadas com o nome de seus clientes para vender esses produtos. É ela que administra as lojas, ganhando uma parcela das vendas. Outra fonte de receita: uma taxa por fazer a ponte entre os influenciadores e anunciantes.

O potencial de alcance da Ruhnn é gigantesco: sua trupe de influenciadores soma mais de 144 milhões de seguidores (quase uma Rússia), um público extremamente segmentado (boa parte millennials e mulheres).

Num momento em que os digital influencers vêm roubando cada vez mais o espaço da mídia tradicional, o sucesso da Ruhnn tem sido estrondoso. Em pouco mais de quatro anos, chegou a uma receita anual de US$ 157 milhões, firmando-se como a maior agência do ramo na China.

No Brasil, uma equivalente próxima seria a Non Stop Produções, que faz a gestão de carreira de influenciadores como o Whindersson Nunes e Luccas Neto.

Fundada há cinco anos por Alex Monteiro, João Mendes e Sergio Pitta, três executivos com vasta experiência na indústria de entretenimento, a empresa tem 32 clientes, que somam 52 milhões de seguidores no Facebook e mais de 200 milhões no Instagram.

O modelo é semelhante ao da Ruhnn. Apesar da brasileira não trabalhar com lojas virtuais próprias, ela participa do negócio, ganhando uma porcentagem de tudo que os influenciadores faturam. “Nossa ideia é virar sócios da carreira deles e crescer junto”, Kaká Diniz, um dos sócios da Non Stop, disse ao Brazil Journal.

Segundo Diniz, Whindersson Nunes faturou cerca de R$ 15 milhões no ano passado com shows, publicidade e eventos. A Non Stop tem mais cinco clientes que faturam na mesma ordem de grandeza — incluindo Carlinhos Maia, cujo Stories é o segundo mais visto do mundo. Outros talentos ainda estão sendo “lapidados”, disse Diniz.

Na Ruhnn, os clientes vão desde influenciadores de moda e estilo até blogueiros e vloggers de games. Mas a menina dos olhos é Zhang Dayi (veja a foto acima), uma ex-modelo chinesa que faz vídeos sobre estilo, cuidados com a pele e viagens para seus mais de 22 milhões de seguidores. Dayi responde hoje por mais da metade da receita da agência.

E esse é justamente o maior risco do negócio: o crescimento da Ruhnn está ligado ao sucesso de seus clientes.

Hoje, enquanto boa parte deles ainda se enquadra na categoria de ‘estrelas em ascensão’, a empresa precisa torcer para Dayi não decidir — do dia para a noite — trilhar sozinha o caminho da fama.