Os investidores internacionais com mandatos de investimento global estão otimistas com a América Latina e pretendem aumentar sua exposição à região.
Para isso, no entanto, eles precisam de uma sinalização mais clara de que o FED vai começar a cortar os juros.
Essa é a conclusão de uma pesquisa do Santander com 40 clientes, a maioria (49%) gestores de fundos de mercados emergentes, seguidos por fundos focados em Latam (23%) e portfólios globais (20%).
Segundo o Santander, 77% dos entrevistados disseram ter uma exposição ‘overweight’ na América Latina, com apenas 6% com uma exposição ‘underweight’.
Ainda assim, 57% deles esperam aumentar sua exposição “moderadamente” ou “significativamente” nos próximos seis meses.
“Esses resultados reforçam nossa percepção de que os estrangeiros têm uma visão otimista em relação aos mercados da América Latina e, mesmo com posições grandes, veem espaço para aumentar a alocação,” escreveu o banco.
O estudo mostrou ainda que a maioria desses investidores acredita que o principal impulsionador para as bolsas da América Latina será a queda dos juros nos Estados Unidos, seguida pela queda dos juros nos mercados locais.
Surpreendentemente, nenhum investidor citou as eleições americanas como um potencial driver.
Outro insight do estudo: mais de 90% dos entrevistados acreditam que o MSCI Latam vai ter uma performance positiva este ano, com 26% apostando numa alta de mais de 10%, 40% numa alta entre 4,99% e 9,99%, e 26% numa alta entre 0% e 4,99%. Apenas 9% acreditam que o índice vai cair entre 0% e -4,99%.
No ano, o índice acumula uma queda até agora de 4,9%.
Aline Cardoso, a head de research do Santander, disse ao Brazil Journal que as projeções para o MSCI “ficaram em linha com o que esperamos.”
“O MSCI como um todo tem um upside bem menor que o Ibovespa porque 30% do índice é o México, que é um mercado que andou muito nos últimos anos por conta do processo de nearshoring, que beneficia muito ele,” disse Aline.
O Santander tem um target para o Ibovespa de 160 mil pontos no final do ano, um upside de 30% em relação ao fim do ano passado.
A pesquisa também mostrou que o Brasil é visto como a melhor opção de investimento entre os entrevistados, com 43% deles escolhendo o País, seguido pelo México (23%) e Argentina (23%), e pelo Chile (9%).
Aline disse que o interesse pela Argentina chamou a atenção.
“Muitos investidores estavam otimistas com a Argentina e querendo entender mais. Antes, nenhum investidor tinha disposição nem para olhar para a Argentina.”
Segundo ela, dois fatores estão por trás dessa mudança: a entrada do novo Governo, e o aumento da liquidez do mercado de ações argentino, que subiu muito nos últimos meses.
Outro destaque da pesquisa foi em relação aos setores preferidos da Bolsa brasileiro. Depois do setor de bancos, os dois setores que os investidores estrangeiros acham que vão performar melhor são o de transporte e utilities.
“O setor de utilities em geral não atrai muito a atenção desses investidores porque é um setor complexo e regulado. Então eles sempre tem a impressão de que se tiver alguma mudança regulatória eles vão ser os últimos a saber,” disse Aline. “Dessa vez, eles passaram a olhar mais por conta das empresas que foram privatizadas. A Eletrobras foi uma das empresas mais demandadas na conferência”.