Uma banda feminina de pop coreano (K-pop) que canta para proteger o mundo de demônios.
Foi com este enredo lúdico e uma trilha sonora altamente viciante que a animação KPop Demon Hunters se transformou — quase sem querer — no maior fenômeno do catálogo de originais da Netflix.
KPop acumulou 236 milhões de visualizações após três meses de lançamento, um número que elevou o filme ao posto de mais visto da história do serviço de streaming. Para trás ficaram títulos como Red Notice, que tem Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot no elenco; e Don’t Look Up, indicado ao Oscar.
O feito é ainda mais impressionante se notarmos que o filme teve números iniciais bem abaixo de grandes estreias da Netflix — 24 milhões de visualizações em sua primeira semana, contra 74 milhões de Red Notice.
Ainda assim, KPop conseguiu manter uma média elevada de visualizações nas semanas seguintes, algo raro em plataformas de streaming — um indicativo de que crianças e suas famílias adotaram o filme e o assistiram (diversas vezes) durante o verão do Hemisfério Norte.
A Netflix já quer transformar o filme em franquia. Avessa às salas de cinema, ela decidiu lançar uma versão sing-along (para cantar junto) do filme em cinemas dos EUA — e registrou a maior bilheteria do país no último fim de semana, arrecadando entre US$ 18 milhões e US$ 20 milhões, disse a revista Variety.
Essa liderança se estendeu às paradas musicais: quatro das 10 músicas mais escutadas nos EUA atualmente, segundo a Billboard, fazem parte da trilha sonora de KPop Demon Hunters. Destaque para a canção Golden, que ocupa o primeiro posto da lista.
Nada mal para um filme que entrou no catálogo da Netflix por uma porta lateral.
Idealizado por Maggie Kang, KPop é fruto de uma parceria da Netflix com a Sony. As empresas assinaram um acordo em 2021 para que todos os filmes da Sony fossem para o catálogo da Netflix após sua estreia nos cinemas, segundo o Wall Street Journal.
A gigante do streaming também se comprometeu a investir US$ 600 milhões para levar obras do estúdio diretamente para o seu catálogo — como foi o caso de KPop Demon Hunters, um filme para o qual a Netflix não tinha grandes expectativas.
“Achávamos que havíamos feito um filme muito bom para o público de K-pop e para o público de anime,” Dan Lin, o chairman de cinema da Netflix, disse ao WSJ.
A Netflix cobriu o orçamento de produção do filme (US$ 100 milhões), pagou mais US$ 25 milhões à Sony pelos direitos de exibição, e vai dividir com ela os lucros associados à trilha sonora.
Agora, as empresas já conversam sobre KPop Demon Hunters 2 e outras obras para o mesmo universo, enquanto varejistas correm para licenciar (ou falsificar) produtos da marca a tempo do Halloween e do Natal.
