Em sua segunda transação na América Latina, a CVC Capital Partners acaba de anunciar a aquisição da Hermes, a empresa líder em carros-fortes no Peru, por US$ 270 milhões.
Numa época de crescimento exponencial — e valuation idem — para empresas como Square, PagSeguro e Stone e todo tipo de empresas mirando pagamentos digitais, a CVC está apostando que ainda há valor no velho e bom cash.
No Peru, cerca de 96% das transações financeiras são feitas em dinheiro.
“A circulação de dinheiro continua crescendo na maioria das economias globais, particularmente na América Latina”, diz a CVC em comunicado. “No Peru, o M1, métrica utilizada pelos Bancos Centrais para medir o volume de dinheiro em circulação, cresceu a uma taxa de mais de 8% ao ano nos últimos cinco anos”
A firma aponta ainda outras vantagens do dinheiro como meio de pagamento que são particularmente importantes no Peru: apenas 43% da população é bancarizada, há menor risco de fraude em relação a pagamentos digitais e a inflação é baixa (o que faz com que a moeda não perca valor).
Outro ponto: o dinheiro físico permite um controle mais realista do orçamento, o que é relevante especialmente para pessoas de baixa renda.
O segmento já atraiu outro peixe grande: em 2015, o Carlyle comprou o controle da Hermes dos principais bancos peruanos, que fundaram a companhia há 35 anos. Na época, o valor da transação não foi revelado.
Na transação anunciada há pouco, a CVC fará uma oferta pública para comprar 84% da ações da Hermes, que são listadas na bolsa do Peru, mas com pouquíssima liquidez.
Além disso, está comprando o controle da Nisa Blindados, um veículo dos fundadores que tem 15% na companhia, via uma transação privada. No fim das contas, a firma vai ficar com 96% da companhia e os 4% restantes com famílias locais fundadoras.
Comandada na América Latina por Jean-Marc Etlin, ex- Itaú BBA, a CVC atua na região desde o começo de 2016, mas vem sendo cautelosa nos investimentos. A empresa fechou sua primeira aquisição há pouco menos de um ano, com a compra de uma fatia de 30% na Moove, empresa de lubrificantes do grupo Cosan, por R$ 562 milhões.