Nos últimos anos, a Sequoia Capital foi uma das gestoras de venture capital americanas que melhor navegou o ambiente político complexo da China — angariando retornos suculentos com seus investimentos no país.

Mas o que pouca gente sabe é que parte desse sucesso da Sequoia talvez passe por sua estratégia de RH.

Segundo uma reportagem do The Information, a Sequoia empregou por anos Wang Xisha, a filha de Wang Yang, um dos sete membros do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês.

A influência de Yang é tamanha que ele é tido por alguns analistas como um forte candidato a se tornar o próximo premier do país. 

A passagem de Xisha pela Sequoia durou quatro anos: a executiva deixou a firma de venture capital em meados do ano passado, segundo o The Information.

Xisha trabalhou como investment partner da gestora num regime ‘part-time’, disse a reportagem. Nessa função, ela buscava potenciais investimentos e acompanhava a performance das empresas do portfólio — ainda que não esteja claro em quais transações ela trabalhou. 

Antes da Sequoia, Wang trabalhou no Deutsche Bank em Hong Kong, segundo um artigo do New York Times. Nesse artigo, o jornal descreve como o banco alemão contratou vários filhos da elite política chinesa, incluindo Xisha, para se beneficiar de suas potenciais conexões políticas.

O The Information nota que não é incomum filhos de políticos chineses ganharem cargos importantes nas finanças por conta de suas origens. 

“Mas esses ‘príncipes’ tendem a ser contratados com mais frequência em bancos de investimento e em firmas de private equity, onde suas conexões familiares podem ajudar nas conversas com reguladores ou grandes empresas estatais,” diz a reportagem. “Eles aparecem com menos frequência nos VCs, onde suas conexões podem ser menos úteis para as startups em early stage.”

A operação da Sequoia na China começou em 2005 depois que Michael Moritz e Doug Leone contrataram Neil Shen, um ex-banqueiro formado em Yale que havia fundado a Ctrip, uma agência digital de viagens. 

De lá para cá, Shen transformou a Sequoia China numa das maiores gestoras do país, com mais de US$ 40 bilhões em ativos sob gestão. 

A operação gerou dezenas de bilhões de dólares em retornos — já realizados e no papel — com investimentos nas maiores empresas de tech da China. A lista inclui nomes como o Alibaba, a Meituan, o Pinduoduo e a Bytedance, a dona do TikTok. 

O investimento que a gestora fez na Meituan e no Pinduoduo, por exemplo, gerou um retorno somado de mais de US$ 8 bilhões para a Sequoia depois que ambas fizeram seus IPOs, segundo o The Information. 

A Sequoia China também comprou uma participação de 10% na Bytedance em 2014 a um valuation de US$ 500 milhões. Em sua última rodada privada, em 2020, a dona do TikTok foi avaliada em US$ 180 bilhões.