A educação superior tradicional já está sob ataque há algum tempo. Agora, o Google também está entrando no jogo.
A gigante de tecnologia está lançando uma série de cursos profissionalizantes para profissões em alta demanda — uma inovação que vem sendo descrita pela empresa como uma alternativa ao diploma universitário tradicional.
Batizado de “Google Career Certificates”, o programa por enquanto engloba três áreas: cientista de dados, designer de UX e gestor de projetos. Diferente das graduações, que duram em média quatro anos, os cursos do Google podem ser feitos em seis meses.
“Diplomas universitários estão fora do alcance de muitos americanos, e você não deveria precisar de um diploma para ter sua segurança financeira,” disse Kent Walker, o senior vp de global affairs do Google, segundo a revista Inc. “Precisamos de soluções de treinamento para o trabalho inovadoras e acessíveis.”
Segundo o executivo, em suas contratações futuras o Google vai passar a tratar esses novos certificados como equivalentes a graduações de quatro anos.
Há anos, as faculdades nos EUA são criticadas por supostamente não preparar adequadamente os alunos para as habilidades práticas que o mercado de trabalho demanda — além de deixar o aluno com uma dívida enorme ao final do curso.
O Google diz que vai resolver os dois problemas: seus cursos vão custar uma fração do preço de uma graduação e preparar os alunos para encontrar trabalho de forma rápida e nas carreiras chamadas de “high-paying, high-growth”.
Segundo a empresa, os cursos serão construídos e ensinados pelos próprios profissionais do Google de cada uma das áreas. E, depois de completar o programa, o Google promete ajudar os alunos na busca de um emprego.
Dentro do programa, o aluno pode optar por compartilhar suas informações diretamente com os maiores empregadores de sua área — empresas como Walmart, Best Buy, Intel e Bank of America.
Para algumas carreiras, como medicina e direito, é evidente que o diploma ainda tem — e deve continuar tendo — um peso decisivo. Mas nas outras áreas do conhecimento, o jogo da disrupção está ficando cada vez mais pesado para as faculdades tradicionais.
O presidente do conselho da Ânima Educação, Daniel Castanho, disse ao Brazil Journal que as faculdades precisam se reinventar, mas que sua proposta de valor vai além de uma prateleira de conteúdo.
“O ambiente acadêmico oferece muito mais do que conteúdo: interação, desenvolvimento de competências, networking, trocas culturais, são inúmeros aspectos que formam um profissional. A gente acha que as propostas de inovação e renovação devem ser complementares. O futuro da universidade será baseado em nanodegrees que constituem um ecossistema, uma constelação de competências. O aluno vai construindo seu próprio percurso formativo, mas é muito mais do que uma capacitação em algumas semanas.”