Com a economia não dando sinais de que vai brilhar nos próximos anos, as chances do candidato da oposição na próxima eleição presidencial já se tornaram uma conversa recorrente — mesmo faltando dois anos e meio para o pleito.

Dado esse cenário, uma pesquisa de popularidade de governadores publicada hoje pela Genial/Quaest deve dar ainda mais substância à discussão dos nomes mais viáveis.

A pesquisa mostrou a avaliação da população local sobre os quatro governadores que disputam o espólio de Jair Bolsonaro: Ronaldo Caiado (Goiás), Ratinho Jr. (Paraná), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Romeu Zema (Minas Gerais).

Todos os quatro governadores tiveram um grau de aprovação muito alto — mas o melhor avaliado foi Caiado, cujo governo teve aprovação de 86% dos entrevistados. Na sequência veio Ratinho Jr., com 79%, e Tarcísio e Zema empatados com 62%.

O fundador da Quaest, Felipe Nunes, disse ao Brazil Journal que apesar de Tarcísio ser um candidato competitivo — por ser bem aprovado e comandar o maior Estado do Brasil — a grande surpresa da pesquisa foi o desempenho de Caiado.

“Ele teve a melhor avaliação e tem uma política de segurança tão bem avaliada que serve de vitrine para o resto do País,” disse Nunes.

Na pesquisa, 69% dos entrevistados avaliaram a segurança pública de Goiás como positiva, contra 48% no Paraná, 43% em Minas e 38% em São Paulo.

“Cada Governador foi bem aprovado por alguma questão específica: em Minas, foi a educação; em São Paulo e no Paraná, os investimentos em infraestrutura; e em Goiás, a segurança.”

No levantamento, Caiado também liderou na avaliação dos governos, com 70% avaliando seu governo como positivo, contra apenas 6% negativo. Ratinho teve 59% positivo e 7% negativo; Tarcísio, 41% positivo e 16% negativo; e Zema, 41% positivo e 18% negativo.

A boa performance de Caiado também tem uma relevância tática.

Dos quatro governadores pesquisados, três (Caiado, Ratinho e Zema) não podem buscar a reeleição por já estarem em seu segundo mandato — o que, pelo menos em tese, aumenta o incentivo de concorrer à presidência.

De todos os quatro, Caiado é o que tem a maior experiência política.

O governador de Goiás despontou no cenário nacional em 1989, quando foi candidato à presidência pela UDR (União Democrática Ruralista) na primeira eleição brasileira do pós-ditadura.

Na época, era tachado como “latifundiário” e “candidato do agronegócio”, mas com o tempo conseguiu transcender essa narrativa.

Foi deputado federal de 1991 a 1995 e mais tarde voltou à Câmara, onde serviu quatro mandatos consecutivos de 1999 a 2015. Em 2015, foi eleito Senador, cargo que ocupou até ser eleito Governador em 2019.

Caiado é visto com simpatia por amplos setores do empresariado por ter um histórico pró-mercado, de pragmatismo político e posições de centro.

A pesquisa da Genial/Quaest também mostrou a avaliação da população dos quatro estados em relação ao Governo Lula e à economia.

As piores avaliações de Lula estão no Paraná e Goiás, onde 54% e 50%, respectivamente, desaprovam o governo. Em São Paulo, a desaprovação está em 48%, e em Minas em 47%, mais próximo da média nacional (de 46%).

As avaliações, ainda que piores que as dos governadores, mostram que Lula se mantém competitivo, segundo Nunes. “Mesmo tendo perdido em Goiás e no Paraná, ele mantém um patamar de aprovação bom. E em Minas, que sempre é um campo de batalha importante das eleições, ele tem uma aprovação alta.”

Já a avaliação sobre a economia deveria preocupar mais o Planalto, com a maior parte dos pesquisados dizendo que ela “piorou” nos últimos 12 meses: 42% em São Paulo, 45% em Minas, 49% no Paraná, e 45% em Goiás.