A Moore Threads, uma empresa chinesa de chips de inteligência artificial fundada por um ex-VP da Nvidia, disparou 425% hoje em sua estreia na bolsa de Xangai – a maior alta no mercado local desde 2019.
A companhia levantou 8 bilhões de iuanes – cerca de US$ 1,13 bilhão. De acordo com a Bloomberg, a parcela destinada aos investidores de varejo teve uma demanda de 2.750 vezes o total alocado.
No preço do IPO, a Moore foi avaliada a 123x o faturamento do ano passado – mas só este ano, segundo a Reuters, as vendas devem subir 242%, comprimindo aquele múltiplo.
Com a forte alta de hoje, o valor de mercado da Moore bateu US$ 40 bilhões. A Nvidia, a companhia mais valiosa do mundo, tem market cap de US$ 4,5 tri.
Sediada em Beijing, a Moore é apontada como uma das líderes chinesas no desenvolvimento de processadores de última geração, ao lado da Cambricon Technologies e da Huawei. A Baidu, outro postulante a desafiar a liderança da Nvidia, também planeja abrir o capital da sua divisão de chips de AI.
Os chineses investem maciçamente há anos para conquistar a autossuficiência nessa tecnologia e não depender de fornecedores americanos.
Os EUA restringem as vendas dos processadores mais avançados, em sua tentativa de frear a evolução da AI no gigante asiático.
A Moore projeta GPUs (graphic processing units), os processadores mais amplamente utilizados nos data centers de AI. A Nvidia domina com folga esse mercado com uma participação de 92%, segundo os dados do último trimestre. A AMD, também americana, vem em segundo, com 8%.
A Moore Threads foi fundada em 2020 por Zhang Jianzhong, um ex-vice-presidente e diretor-geral da Nvidia na China. A startup contou com o apoio de investidores como Tencent, ByteDance e Sequoia Capital China.
“Computing power is state power,” Zhang declarou a um jornal estatal chinês, de acordo com o Wall Street Journal.
O fundador da Moore Threads disse ainda que não acredita que haja uma bolha de AI, caso o desenvolvimento da tecnologia não esbarre em gargalos e os modelos de linguagem continuem progredindo.
No início, produzia processadores para renderização de imagens e games, como a Nvidia – e, assim como a americana, pivotou para centrar forças na criação de processadores de AI.
O faturamento da companhia triplicou no último ano e deve superar US$ 200 milhões em 2025. Mas ela ainda opera no vermelho. O prejuízo acumulado nos três primeiros trimestres do ano ficou em torno de US$ 100 milhões.











