Depois de uma década de expansão, a maior economia do mundo começa a dar sinais de desaceleração, enfraquecida pela guerra comercial com a China e aumentando os temores de que uma recessão global se aproxima.
Evidência No. 1: os apartamentos em Manhattan
No terceiro trimestre, o preço de revenda dos imóveis no coração de Nova York caiu 12%, a maior queda dos últimos dez anos.
Os apartamentos vendidos ficaram na média 192 dias no mercado, e mais de 93% deles saíram a um preço inferior ao almejado pelo vendedor quando listou o imóvel pela primeira vez.
Evidência No. 2: os imóveis comerciais em Boston
A 350 quilômetros de distância, em Boston, outro sinal de alerta: pela primeira vez desde 2009, os inquilinos dos prédios comerciais devolveram espaços de aluguel no centro da cidade, em Cambridge e até nos subúrbios.
“A queda em um desses mercados individualmente não seria surpreendente — a surpresa foi os três caírem juntos,” o head da consultoria imobiliária Colliers disse à Bloomberg. “Isso é sem dúvida uma bandeira vermelha em potencial sinalizando um topo do mercado imobiliário em Boston.”
Em Manhattan, os compradores exigem descontos, em meio a um boom na oferta de novos empreendimentos de luxo. No final de setembro, o número de apartamentos à venda bateu mais de 7,3 mil unidades, subindo pelo oitavo trimestre consecutivo. A situação gerou temor de que os valores continuem caindo, o que estimulou ainda mais os vendedores a reduzir sua ambição de preço.
Evidência No. 3: o varejo
O consumo doméstico nos EUA, que vinha sustentando o otimismo de alguns economistas em meio à queda da manufatura, também desapontou em setembro, retraindo 0,3%, frente a uma expectativa do mercado de um avanço de 0,2%.
Evidência No. 4: a indústria
O ISM, que mede a força do setor manufatureiro nos EUA, teve sua menor leitura em mais de 10 anos em setembro, com as exportações mergulhando em meio à guerra comercial. (Thanks, Donald.)
O índice dos gerentes de compras do Institute for Supply Management chegou a 47,8% em setembro, o menor desde junho de 2009, o segundo mês consecutivo de contração. Como qualquer valor abaixo de 50% significa contração, isso significa que, para a indústria, a recessão já chegou.
Os sinais que se acumulam já estão fazendo alguns economistas enxergar uma recessão global como iminente.
“Eu acho que se qualquer coisa sair do script, os riscos de recessão são muito altos,” o economista-chefe da Moody’s disse em entrevista à CNBC, prevendo uma “chance grande” de uma recessão global nos próximos 12 a 18 meses. “E digo mais: mesmo que não tenhamos uma recessão está muito claro que teremos uma economia bem mais fraca.”
Para evitar esse cenário, ele acredita que uma conjunção de fatores precisaria se alinhar ao mesmo tempo — algo improvável diante das circunstâncias atuais.
Trump teria que parar de escalar a guerra comercial com a China; o Reino Unido, encontrar uma resolução para o ‘Brexit’ (o que parece estar acontecendo essa semana); e os bancos centrais, continuar com a política de estímulo monetário.
Os EUA tiveram 14 recessões nos últimos 90 anos — uma a cada seis anos e meio, em média.