Quando fez uma proposta para assessorar a Raia Drogasil na montagem de seu fundo de corporate venture, Fabiana Fagundes ouviu uma pergunta incômoda do cliente: será que ela toparia trabalhar em parceria com outro escritório?
Acostumada a trabalhar sozinha, liderar equipes e não dividir o bolo, a então sócia do BMA teve que engolir o pedido do cliente a seco; o outro advogado Rodrigo Menezes, sócio do Derraik & Menezes, sentiu o mesmo desconforto.
Três meses depois, a complementaridade entre os dois virou uma nova banca: a FM/Derraik, um escritório com nove sócios e 21 advogados que já nasce com o maior ‘market share’ no mercado de startups/VCs do Brasil, atendendo clientes como Mercado Bitcoin, Creditas e Mercado Livre. O terceiro sócio é Carlos Augusto Derraik, um veterano advogado carioca que é o managing partner da banca e já era sócio de Rodrigo no Derraik & Menezes.
Nos últimos dois meses, o escritório assessorou a Méliuz na compra de uma multinacional polonesa com presença em 43 países, a RD Station em sua venda por R$ 2 bilhões para a Totvs, além do cliente que originou tudo: a montagem do fundo da Raia Drogasil e seu primeiro investimento, a compra da Techfit.
O mais recente projeto do escritório: a estruturação do primeiro fundo de internet of things (IoT) do Brasil, com recursos da Qualcomm e do BNDES.
A especialização do escritório em startups/VCs é um diferencial num mercado em que os grandes escritórios têm a prática de venture capital como um produto a mais na prateleira.
Nos últimos anos, gente grande como o Veirano e o Pinheiro Neto começaram a investir com mais força na assessoria a VCs/startups, mas as práticas são em grande parte pulverizadas, com um sócio trabalhando em startups ainda no estágio de PowerPoint e outro trabalhando em empresas de ‘late stage.’
Os estilos dos sócios não poderiam ser mais diferentes. Rodrigo é um tipo reservado que depois de um acidente de skate há seis anos passou a usar só camiseta e jeans; já Fabiana é intensa e expansiva, usa cardigan, salto alto e colar Chanel.
A lista de clientes dos dois também é bem diferente, gerando o que um banqueiro chamaria de ‘sinergias’. Rodrigo já trabalhou para mais de 50 fundos de venture capital — nomes como Astella, Vox Capital, Z-Tech (AB Inbev), Kortex (Fleury/Sabin) e BigBets. Em 20 anos de BMA, Fabiana acompanhou a jornada de mais de 100 startups, várias delas da Endeavor, que ajudou a fundar no Brasil.
Além de querer construir algo juntos, os dois têm outra conexão especial: são adeptos há anos das Barras de Access, uma técnica em que um terapeuta toca em 32 pontos energéticos da cabeça, ajudando a eliminar condicionamentos, julgamentos e polaridades que limitam a vida.
No mínimo, a técnica deve ajudar a puxar conversa com os empreendedores com menos de 30 anos.