A mãe de todas as XPs, a Charles Schwab acaba de desferir seu golpe mais duro na indústria americana de corretagem: está eliminando as comissões para ações, ETFs e opções.  

Em outras palavras: os clientes de varejo vão poder negociar qualquer um desses ativos online a custo zero. 

“A eliminação das comissões assegura que minha visão foi completamente realizada: tornar os investimentos acessíveis a todos,” Charles Schwab, o bilionário fundador da corretora e chairman da empresa, disse numa nota. 

Como a segunda maior corretora americana – com US$ 3,75 trilhões (yes, trillion!) em ativos sob custódia e 12 milhões de contas ativas – a Schwab consegue absorver o impacto e deve forçar os concorrentes a baixar ou zerar preços.

O anúncio detonou as ações das corretoras listadas nos Estados Unidos. A própria Schwab caiu 10%, enquanto a Ameritrade – que tem mais de 50% das receitas dependentes de comissões – despencou 26%, e a E*Trade, 16%.

A Schwab nasceu nos anos 70, propondo um modelo de desconto para a indústria de corretagem, que até então operava, por regulação, em um esquema de preços fixos.

Nos últimos anos, contudo, a corretagem – que ficava em US$ 4,95 por um trade de ação – já não respondia pela maior parte do lucro. A maior parte da rentabilidade vem dos ganhos que a empresa consegue sobre o float, o dinheiro que fica depositado nas contas dos investidores. A Schwab disse que a zeragem nas taxas vai encolher sua receita total em apenas 3% ou 4%.

Os serviços bancários, que incluem uma conta corrente, tem ganhado cada vez mais espaço no balanço da Schwab, bem como a área de wealth management – que conta, inclusive, com um serviço de assessoria financeira por assinatura, à la Netflix. 

No negócio essencialmente comoditizado de corretagem, a Schwab está aprofundando um movimento que já vem acontecendo nos Estados Unidos. No último ano, diversas empresas como Fidelity, Vanguard e JP Morgan eliminaram taxas e comissões em uma ampla gama de produtos financeiros. 

Mas a agressividade vem num momento complicado: com as taxas de juros historicamente baixas nos Estados Unidos (e no mundo), a receita está cada vez mais sob pressão. No mês passado, a companhia cortou 600 empregos, ou cerca de 3% de sua folha, citando “um ambiente econômico cada vez mais desafiador”. 

Charles Schwab, o fundador, disse ao Business Insider que já pensava em zerar as taxas há pelo menos uma década. “É algo que sempre quis. Sou um grande fã do Google”, disse ele, referindo-se à prática de oferecer um serviço gratuito e encontrar outras maneiras de gerar receita.

Pelo menos uma fintech americana já ganhou escala oferecendo taxa zero na corretagem: fundada em 2013, a Robinhood já tem 6 milhões de clientes e foi avaliada em US$ 7,6 bilhões numa rodada em julho.

SAIBA MAIS

Charles Schwab inova: planejamento financeiro à la Netflix