A Prefeitura de São Paulo vendeu hoje 10 mil Certificados de Potencial Construtivo (CEPACs) para a região da Faria Lima, arrecadando cerca de R$ 180 milhões com a venda para quatro empresas. 

O resultado do leilão, que vendeu apenas 85% dos 12 mil CEPACS oferecidos, sinaliza que as incorporadoras não estão vendo tanto espaço para uma valorização do metro quadrado da região no curto prazo.

Não está claro quem foram os compradores, mas, segundo brokers, os CEPACs interessavam a empresas como JHSF, Gafisa, Helbor, Vitacon, Partage e Lucio, todas com projetos na região.

Os CEPACs são certificados que permitem que as incorporadoras construam uma área bruta locável (ABL) maior do que a prevista pelo zoneamento da região. 

Na Faria Lima, cada CEPAC dá o direito de construir mais 0,8 a 1,2 metro quadrado (dependendo do quarteirão). 

O leilão começou às 12h30 e durou cerca de 20 minutos. O preço mínimo era R$ 17.600 por CEPAC; não houve ágio. 

A quantidade ofertada hoje foi significativamente menor do que a do último leilão de CEPACs da Faria Lima, em 2019 — um leilão que fez o preço dos CEPACs mudar de patamar, de R$ 6 mil para R$ 17 mil. 

Naquele leilão, que vendeu 90 mil CEPACs, o preço foi puxado por um developer que precisava do potencial construtivo para um mega empreendimento na JK.

“No leilão anterior, o valor de terreno estava menor e o custo de construção também, então as empresas tinham mais margem para pagar um sobrepreço. Como tudo subiu de lá para cá — o preço do terreno, construção — isso comeu espaço pra você pagar mais caro nos CEPACs,” diz um executivo do setor que acompanhou o leilão.

O INCC — o principal índice que mede os custos de construção — acumula alta de 16,6% nos últimos doze meses. 

Para ele, o resultado é um alerta para a Prefeitura de que “nesse patamar de preço dos CEPACs, e dado os custos atuais, fica difícil rentabilizar os empreendimentos.”

O resultado também é um indicativo de que as incorporadoras não estão vendo espaço para uma valorização expressiva do metro quadrado no curto prazo. 

“Se tivesse vendido tudo e com ágio, a R$ 25-30 mil por CEPAC, a leitura seria de que tem gente querendo botar dinheiro na Faria Lima porque está vendo potencial de valorização do metro quadrado,” diz o executivo. 

Depois da venda de hoje, a Prefeitura ainda tem mais cerca de 53 mil CEPACS para colocar à venda na região.