Um medicamento experimental desenvolvido pela Eli Lilly reduziu em mais de um terço a perda de funções cognitivas em pacientes de Alzheimer.

As ações da farmacêutica americana encerraram ontem em alta de 6,7%. O papel fechou em US$ 431, perto de sua máxima histórica.

A nova droga, chamada de donanemab, encontra-se em fase final de testes. Seus resultados foram ligeiramente mais positivos do que os da lecanemab, vendida com o nome comercial de Leqembi e desenvolvida pela japonesa Eisai em conjunto com a Biogen.

A Lilly disse que deve entrar com o pedido de autorização de comercialização em breve, e espera que a Food and Drug Administration (FDA) dê a luz verde entre o final deste ano e o início do próximo.

A Leqembi teve aprovação parcial em janeiro. Uma decisão final do FDA deverá sair em julho.

No estudo da Lilly, já em Fase 3, foram analisadas 1.730 pessoas com sintomas da doença no estágio inicial. Os 1.182 pacientes que receberam a droga tiveram uma desaceleração de 35% no avanço do Alzheimer quando comparados com um grupo de controle.

As análises reforçaram a suspeita de que o acúmulo de toxinas nos neurônios e nas sinapses leva à enfermidade. As pessoas avaliadas tinham placas das proteínas beta-amiloide e tau, ambas associadas à morte de células e à progressão do Alzheimer.

O estudo também observou os efeitos da donanemab em 552 pacientes com alta concentração de proteínas tau no cérebro. Ao serem combinados os resultados de ambos os grupos, a desaceleração nos sintomas ficou em 29%.

Os resultados levam em consideração a escala de avaliação clínica de demência, a chamada Clinical Dementia Rating Scale.

O Dr. Ronald Petersen, pesquisador da Mayo Clinic, disse à Reuters que o estudo da Lilly foi o terceiro a demonstrar que a remoção de amiloides do cérebro reduz o progresso da doença. Ele disse que os resultados do medicamento “são modestos, mas expressivos do ponto de vista clínico”.

Apesar dos indicadores positivos, pesam sobre as novas drogas os seus efeitos colaterais, entre eles inchaços e sangramentos no cérebro, presentes em uma parcela significativa dos pacientes. No caso da donanemab, 1,6% das pessoas tratadas tiveram efeitos negativos considerados sérios, incluindo dois pacientes que morreram.

Nos EUA, o tratamento com Leqembi custa US$ 26.500 ao ano. A terapia com a droga da Lilly, se aprovada, ficará ao redor desse valor.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 55 milhões de pessoas vivem com algum tipo de demência – e a mais comum delas é o Alzheimer, responsável por 70% dos casos. No Brasil, o total de pacientes chega a 1,2 milhão, com 100 mil novos diagnósticos a cada ano.

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